Recuperação do setor de food service não se dará de um dia para o outro

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Presidente do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro) e diretor executivo da ANR (Associação Nacional de Restaurantes)

A economia do município do Rio de Janeiro, além dos inúmeros destinos em todo o estado, depende intrinsicamente do pleno funcionamento de bares e restaurantes. Para tanto, fica claro a importância de capital humano e financeiro circulando organicamente. É impossível desassociar nossas muitas cidades, algumas delas patrimônios do País e/ou do mundo, do trânsito de pessoas de outras partes do Brasil e do restante do planeta.

O início e a permanência alongada da pandemia foram suficientes para uma dolorosa corrosão nesta fundamental área da hospitalidade. Uma queda de 30,9% em relação a 2019, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em fevereiro deste ano.

A falta de uma efetiva ajuda em todas as instânciasgovernamentais foi uma das grandes responsáveis pela quebradeira, apesar de nossos constantes esforços em revelar o peso e a relevância de nossa cadeia produtiva na saúde econômica do estado.

Em janeiro deste ano, vimos com preocupação o fim do prazo previsto no Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda para redução de jornada de trabalho e salário e suspensão de contratos. No momento em que o setor, sabidamente dos mais afetados pela Covid-19, começou a dar leves sinais de recuperação, o encerramento do benefício colocou em risco a viabilidade de muitos negócios, incorrendo em um aumento do número já bastante alto de postos de trabalho fechados em bares e restaurantes. À época, considerando de março a outubro do ano passado, a categoria perdeu 18 mil vagas na cidade, com as atividades de mais de duas mil empresas do setor encerradas em 2020.

Ainda em janeiro de 2021, foram abertos 3.255 empregos de trabalho formais no setor de alimentação fora do lar no Brasil, resultado que representa uma desaceleração nas contratações frente aos meses anteriores. Nos últimos 12 meses, o País acumula extinção de 181.239 empregos no setor. O Estado do Rio de Janeiro, apesar do resultado negativo no acumulado dos últimos 12 meses (-23.414), apresentou saldo positivo de contratações no mês (+175), ao contrário do observado nos Estados de Minas Gerais (-550) e São Paulo (-3.434).

Entre as capitais, São Paulo (-37.504) e Rio de Janeiro (-15.745) fecharam o maior número de vagas formais de trabalho nos últimos 12 meses. Destaca-se que, em janeiro de 2021, o Rio de Janeiro registrou fechamento de vagas (-212) após quatro meses seguidos de abertura de postos de trabalho no setor.

Na cidade e no Estado do Rio, a atividade econômica com maior impacto sobre o mercado de trabalho formal, em função da pandemia, seguiu sendo a nossa. O setor soma 23.414 postos de trabalhos encerrados nos últimos 12 meses, dos quais 67,2% ocorreram no município (-15.745). Considerando todos os setores da economia, tanto o estado quanto a capital apresentaram saldo negativo de contratações formais.

 

É evidente que estamos cientes da crise sanitária sem precedentes, mas pleiteamos equivalência nas medidas restritivas que os governos nos têm imposto. O que vemos é o food service ser alvo de duras críticas, sofrendo com ações que não nos parecem coerentes se comparadas a outras categorias. Porém, nossa atual gestão sempre esteve ao lado do diálogo.

 

O futuro é incerto. Sabemos que o trabalho de recuperação não será de um dia para o outro. Sabemos, também, dos heróis por trás de uma grande resistência e resiliência. Entendemos que a maioria dos bares e restaurantes abertos atualmente está endividada, mas aguarda o momento de poder respirar fundo e livre de qualquer vírus letal. São milhares de famílias envolvidas, empresas e histórias de um Rio de Janeiro que não seria nada sem sua orla, suas ruas movimentadas e seus bares repletos de cariocas, de estrangeiros e brasileiros de toda parte, e cujo sonho é sentar para beber e comer, admirando a beleza única que nós temos a oferecer

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