Recuperação robusta do comércio e menos negacionismo

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por Carlos Thadeu de Freitas Gomes, Chefe da Divisão Econômica da CNC

O comércio vem desempenho positivo neste ano, em que o volume de vendas do varejo alcançou o maior patamar já registrado pelo IBGE em julho, último dado disponível. Mesmo a corrente corrente elevada e mais disseminada além dos juros, em trajetória de alta, não sendo capazes de refrear o consumo nas lojas físicas.

Embora a dinâmica atual do setor favorável, é necessário que se reconheçam os desafios que o setor vem enfrentando. Preços de diversos insumos mais elevados, fretes e energia pesando nas despesas, restrições e dificuldades de oferta para recomposição dos estoques, margens achatadas, juros em alta, aumento das alíquotas do IOF, conflito corrente ao consumidor espaço da renda para o consumo , entre outros, são alguns dos refugiados conjunturais que podem ser enumerados.

No entanto, como vendas do varejo crescendo consistentemente desde abril, passado a 2ª onda da covid-19, quando de março a abril o país registrou o maior número de mortes desde a decretação da pandemia, em março de 2020. Em março de 2020. , o setor ultrapassou em 6% o nível de volume de vendas no início de 2020, antes da crise de saúde.

Com cada vez mais pessoas circulando nas ruas e áreas comerciais, as vendas tendem a evoluir ainda mais. O consumidor está mais confiante e resiliente em relação à pandemia, com a vacinação avançando no país e a maior flexibilização do isolamento. O trimestre que se inicia na próxima semana também é o mais relevante ao setor, com 3 dados comemorativas: Dia das Crianças, Black Friday (que o Brasil definitivamente adotou no calendário oficial do varejo), e as festas de fim de ano, com o Natal sendo um dado de aumento sazonal mais expressivo das vendas.

A maior movimentação de pessoas nas ruas com uma retomada gradual das rotinas individuais, viagens, eventos, etc. está impulsionando os segmentos mais afetados pela crise, ea demanda represada fará com que esses segmentos continuem se recuperando progressivamente. Isso porque a retomada das vendas, quando estas são comparadas com os níveis do início de 2020, ainda está associada a segmentos considerados essenciais, ou relacionados a mudanças de comportamento dos consumidores.

Por exemplo, o segmento de vestuário, calçados e acessórios acumula redução de quase 6% sem volume de vendas de julho ante o 1º bimestre de 2020. As pessoas compram sapatos e roupas para sair à rua, participar de eventos, estar presencialmente nos locais, então o segmento foi um dos que mais sofreram com as famílias predominantemente em casa.

Mas o avanço da vacinação e os consumidores menos pessimistas estão movimentando essa dinâmica. O segmento de roupas e calçados acumula alta de 34,2% sem volume de vendas neste ano, o melhor desempenho nessa base de comparação entre os 10 segmentos de varejo no conceito ampliado.

A recuperação da atividade no comércio depende majoritariamente das pessoas que circulam nas ruas, pois o setor é muito dependente das vendas nas lojas físicas. O comércio eletrônico avançou a passos largos desde o início da pandemia, mas as vendas online ainda representam pouco do volume financeiro gerado varejo global, não chega a 10%.

O impulso recente das vendas também é percebido na recuperação da arrecadação tributária e nas contratações de pessoal pelo comércio. A arrecadação federal aumentou 9% em agosto, em termos reais, em relação a agosto de 2019, meses sem efeitos da pandemia. Neste ano como receitas acumulam R $ 1,2 trilhão, o maior valor apurado no período pela Receita, desde 1995.

No Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), da CNC, o indicador de intenções de contratar funcionários alcançou 134 pontos em setembro, na zona otimista, incremento de 36% em relação a 2020.

Com expectativas de vender pelo menos 4% a mais do que no Natal do ano passado, como apontado da CNC mostra que as vagas formais para a temporada das festas de fim de ano de 2021 devem crescer 36% em relação a 2020 e 3% relativamente a 2019, considerando as especificidades do Natal passado, com o início da 2ª onda da covid no Brasil. E a taxa de efetivação desses objetivos deve ser a maior em 5 anos, cerca de 12% deles devem ser contratados em definitivo.

Por outro lado, temos de notar que a informação ao consumidor mais elevada e o aumento dos juros em curso são as principais adversidades no cenário benigno do comércio. A maior disseminação do aumento de preços entre os itens mais consumidos pelo brasileiro de renda baixa e média é um limitador ao consumo das famílias.

O IPCA-15 divulgado na semana passada fez a prévia da tradução anual superar 2 dígitos (10,05%), revelando o que famílias e empresários estão sentindo no dia a dia. Os preços dos produtos administrados, especificamente gasolina e energia elétrica, foram os itens de maior impacto negativo no índice geral.

Na tentativa de melhor ancorar as expectativas inflacionárias à frente, o Copom elevou a Selic para 6,25% ao ano, conforme previa grande parte do mercado. Acertadamente o BC vem falando que está atento ao médio prazo, e que não pretende reagir aos movimentos de alta frequência.

Porém, com os juros no mercado em alta, o consumo também vai sofrer desaquecimento pela via do crédito. Não ocorreram ainda porque há bastante liquidez no sistema financeiro e competição nesse mercado vem se aguçando. O aumento das alíquotas do IOF engrossa esse caldo, acirrando como dívidas das famílias, principalmente daquelas que usam o rotativo do cartão de crédito.

Por outro lado, uma legítima ampliação que se pretende no Bolsa Família ou Auxílio Brasil vai ajudar ainda mais a recuperação do varejo, também nos segmentos mais afetados pela crise de saúde.

Com tudo isso, nunca é demais repetir que devemos estar focados nas condições que estão liberando os caminhos da recuperação econômica atual, mesmo sabendo que os impasses políticos sobre os temas econômicos que estão em voga acabam ofuscando os passos que devemos dar.

 

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