
Com trabalho conjunto dos setores produtivos, a América do Sul pode sair fortalecida da crise global. Essa foi uma das principais conclusões observadas durante a IV Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul (CI23), sediada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro, em 08 de novembro. O evento reuniu as Câmaras do Comércio do bloco e contou com painéis sobre o atual cenário econômico dos países latino-americanos, com os respectivos setores de comércio e serviços. O encontro marcou também o ingresso oficial da CNC na Federação Sul-Americana de Turismo (Fedesud).
Participando de painel sobre a atual conjuntura do bloco econômico, o representante do Ministério das Relações Exteriores, Filipe Lopes, explicou que o Mercosul vem conquistando importantes avanços, em especial, no que diz respeito ao aspecto do livre comércio, mas ainda há desafios importantes que estão pendentes. Ele citou a necessidade de inclusão dos setores açucareiro e automotivo na participação do bloco, além da adesão às linhas de tarifa externa comum.
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“Entre os diversos avanços observados, este ano conseguimos saldar a dívida com o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), quitando U$ 99 milhões que eram devidos desde 2015, e assim poderemos nos beneficiar com o fomento a novos projetos de redução de assimetria com os países vizinhos”, enfatizou, convidando ainda os presentes à cerimônia de passagem da Presidência Pro Tempore do Conselho para o Paraguai, em dezembro deste ano, atendendo a gestão coparticipativa.
Crescimento conjunto em nova era da globalização
No bloco final, sobre expectativas e contribuições do Conselho do Mercosul, o diretor da CNC Rubens Medrano comentou que, atualmente, diante da pandemia e de conflitos internacionais, uma mudança geopolítica internacional tem acelerado e sido consolidada, o que deve provocar uma reflexão profunda dentre os líderes do bloco. “Na crise, buscamos oportunidades. Agora é hora de esquecer o passado e buscar um futuro promissor, com mais investimentos e mais qualidade de vida para a população”, ressaltou.
O secretário da Câmara Argentina de Comércio e Serviços (CAC), Rodrigo Graziano, apontou que o Mercosul é uma das saídas para as necessidades de globalização, mas que há um desafio claro de construção de institucionalidade entre os países. “Falo de manter uma agenda ativa e poder mostrar dentro do setor privado a nossa capacidade para o mundo. Precisamos de um Mercosul mais forte, fora e dentro do próprio bloco.”
Ernesto Figueredo Coronel, presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Paraguai (CNCSP), alertou que os países do bloco têm o que é preciso neste momento de cenário adverso global, como alimentos e moradia. “A América do Sul tem qualidade e recursos naturais, o que configura uma grande oportunidade”, enfatizou, afirmando que mais empresas têm buscado esses países à procura de ambientes tranquilos para negociações e que mais pessoas têm migrado para uma vida melhor, e isso aumenta a competitividade do Mercosul diante dos outros blocos econômicos.
Julio César Lestido, presidente da Câmara de Comércio e Serviços do Uruguai (CNCUY), refletiu que o setor é um importante gerador de riquezas e que hoje há outra ordem mundial, com desafios muito próprios do segmento privado. “O que nós queremos é trabalhar juntos. Chegou a hora de dizer ao Mercosul que vamos parar de fazer análises e que vamos entrar em campo para jogar.”
Com a recém-aprovada participação da Bolívia no Mercosul, o vice-presidente da Câmara Nacional de Comércio do país (CNC Bolívia), Douglas Ascarrunz Aramayo, indicou oportunidades aos países para além do comercial. “Nossa adesão é um processo que vai durar quatro anos, para ajustes necessários em um processo homogêneo, mas estamos muito felizes e sabemos que é imperativo acelerar essa adesão.”
Jorge Castellanos, diretor da Câmara de Indústria e Comércio da Bolívia, destacou que os empresários se preocupam com a sustentabilidade do negócio e o planejamento a longo prazo nos países do bloco. “Todos os empresários estão apostando no desenvolvimento dos países, e a geração de empregos é um dos temas prioritários. O que fazemos todos os dias é tentar gerar desenvolvimento e, apesar de necessitar dos governos, precisamos buscar soluções por conta própria.”