As pequenas e médias empresas brasileiras são as mais competitivas da América Latina.
As pequenas e médias empresas brasileiras são as mais competitivas da América Latina. Este é o resultado de uma pesquisa realizada pela empresa UPS em parceria com o Instituto TNS Gallup em cinco países da região, no qual 49% dos entrevistados apontaram ser as pequenas e médias empresas brasileiras mais competitivas que as do México, Costa Rica, República Dominicana e Argentina.
A pesquisa foi realizada com empresas até 200 funcionários destes países mais o Brasil, e mostrou também que o país foi apontado por 72% dos entrevistados como o que tem maior possibilidade de crescimento e o que deve exercer mais influência sobre a região nos próximos anos.
“Esse reconhecimento vem da grande criatividade e da maneira de trabalhar voltada para resultados que os brasileiros têm”, diz Pablo Magallanes, presidente da UPS para a América Latina. Porém, ao analisar quesitos específicos, outros países se destacaram.
O Chile foi apontado como o de empresários mais confiáveis, além de competentes. “Os outros países reconhecem, ao ver os produtos brasileiros, que aqui existe muita qualidade e competitividade”, diz o diretor da consultoria Brasil-Export, Moacyr Bighetti. “Mas enquanto os chilenos estão acostumados a vender para o mundo todo, o Brasil não tem tradição exportadora.”
Exportações
Os empresários brasileiros também foram os únicos a se posicionarem como os melhores em todos os quesitos analisados. Nos outros países, houve menção às pequenas empresas dos outros países. “Acho que isso se associa com essa falta de cultura exportadora, com a falta de viagens técnicas”, diz Bighetti. “O Brasil está muito acostumado a esperar os compradores virem até aqui, não a ir buscá-los lá fora. Fazemos pouco contato, mesmo com nossos vizinhos.”
Magallanes, da UPS, também considerou a auto-estima brasileira um pouco exagerada. “Me pareceu falta de auto-crítica. Os empresários precisam ter em mente que todo dia se deve estar à frente, buscando a liderança, e não acreditar que já estão fazendo o melhor que podem.”
Atualmente, cerca de 15 mil empresas de micro, pequeno e médio portes são exportadoras no Brasil – dentro de um universo de 5 milhões de empresas. São minoria, mas para Bighetti, as empresas que possuem estratégias para o mercado externo são as que terão mais competitividade. “Elas ganham em escala, eliminam o efeito sazonal de vendas e a equipe fica mais qualificada por lidar com públicos exigentes. Acho que, no mercado global, daqui 15 anos não haverá espaço para empresas que não se internacionalizarem.”
Foram justamente as empresas exportadoras que se mostraram mais otimistas em relação ao futuro, na pesquisa da UPS. Enquanto 77% das empresas não-exportadoras têm expectativa de crescimento, este índice sobre para 82% nas exportadoras.
A maioria dos entrevistados pela pesquisa apontou ser mais importante primeiro eliminar barreiras comerciais dentro da própria América Latina do que tentar conquistar novos mercados. Mas dentre os mercados mais cobiçados, a União Européia lidera, seguida pelo Japão e depois os Estados Unidos. “Hoje há muitas barreiras e competição para se entrar no mercado americano, então os exportadores procuram outros compradores”, diz Bighetti.