Consumidores vêem carga tributária alta como maior entrave à criação de emprego

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A elevada carga tributária brasileira é o maior entrave à criação de empregos no Brasil. Outros dois problemas são: juros altos e falta de investimentos para aumentar a produção.


É o que revela pesquisa feita com mil consumidores no país pela Ipsos Opinion, entre os dias 26 e 30 agosto, a pedido do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).


Para 43% dos consultados, os altos impostos cobrados pelo governo são o maior obstáculo ao emprego no país.

A elevada carga tributária brasileira é o maior entrave à criação de empregos no Brasil. Outros dois problemas são: juros altos e falta de investimentos para aumentar a produção.


É o que revela pesquisa feita com mil consumidores no país pela Ipsos Opinion, entre os dias 26 e 30 agosto, a pedido do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).


Para 43% dos consultados, os altos impostos cobrados pelo governo são o maior obstáculo ao emprego no país. No último domingo, a Folha noticiou que a carga tributária brasileira representa 37,82% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. E, se todos pagassem o que devem de impostos, esse percentual subiria para 59,38% do PIB, segundo cálculo feito pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).

Os altos juros cobrados pelas instituições financeiras são citados por 19% dos entrevistados como empecilho para criação de emprego no país. E, a falta de investimentos para elevar a produção, por 13%.


Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Ciesp, diz que o resultado da pesquisa realizada com consumidores reflete a opinião dos empresários paulistas, que consideram a elevada carga tributária brasileira e os altos juros desestímulos à produção.


“O curioso dessa pesquisa é que a população está muito mais consciente sobre os problemas do país do que se pensa. Os empresários só acrescentariam nessa lista o câmbio [desfavorável às exportações] como outra barreira hoje para criação de empregos. Desde abril de 2005, as quantidades exportadas estão em queda”, afirma.


O que salva a balança comercial brasileira, segundo informa, é que há demanda para uma série de commodities no mercado internacional. Isso eleva os preços dos produtos e, portanto, a receita em dólares dos exportadores. “Só que o que cria empregos no país é o aumento da exportação em volume, não em dólar”, diz.


A elevada carga fiscal também é uma das maiores preocupações dos lojistas, segundo informa Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A associação fez até um convênio com o IBPT para medir minuto a minuto quanto o brasileiro paga de impostos. De janeiro até ontem esse número já está perto de R$ 600 bilhões.


“O fato é que temos carga tributária de primeiro mundo, mas atendimento à população de terceiro mundo. É muito diferente da carga tributária dos países escandinavos, que é elevada, só que o atendimento é de primeiro mundo”, afirma.


Para os consumidores ouvidos pela Ipsos para a pesquisa, os principais desafios do próximo governo, por ordem, são: manter a inflação baixa, investir em políticas sociais, combater a corrupção na política, reduzir os impostos, incentivar as empresas, estimular a exportação e facilitar o acesso das pessoas aos bancos.


Todas essas ações, segundo informa Tabacof, têm impacto no emprego. “Agora, neste ano, não vejo grandes mudanças na economia. Há um enfraquecimento da produção industrial. A indústria, que chegou a representar 40% do PIB no final da década de 90, representa hoje cerca de 35%”, diz.


Os setores mais prejudicados, segundo afirma, são têxtil, calçados e máquinas. “A indústria de máquinas só não reduziu mais ainda a produção porque os equipamentos para o setor de açúcar e álcool não são o forte dos chineses. Agora, máquinas para outros setores industriais estão em franca decadência, já que é mais barato trazê-las da China”, disse.


Para o Ciesp, o emprego na indústria paulista cresce menos de 1% neste ano. A estimativa é que esse número fique entre 0,47% a 0,84% em 2006, segundo informa Tabacof.

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