Maior renda e 13º- podem reduzir impacto das dívidas

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A melhora geral da atividade econômica e o crescimento do crédito e da renda real em relação a 2005 têm tido um impacto tímido no comércio porque os consumidores se endividaram muito, na avaliação do economista da Mellon Global Investment, Rodrigo Eboli. Segundo ele, a perspectiva é que as vendas do comércio varejista cresçam algo em torno de 5% em todo o ano de 2006.


“Muitas empresas do setor não estão otimistas com as vendas para a época do Natal.

A melhora geral da atividade econômica e o crescimento do crédito e da renda real em relação a 2005 têm tido um impacto tímido no comércio porque os consumidores se endividaram muito, na avaliação do economista da Mellon Global Investment, Rodrigo Eboli. Segundo ele, a perspectiva é que as vendas do comércio varejista cresçam algo em torno de 5% em todo o ano de 2006.


“Muitas empresas do setor não estão otimistas com as vendas para a época do Natal. Considerando a lenta evolução das vendas do setor, eles acham que se o crescimento do comércio empatar com o resultado de 2005, já está bom.” Eboli observa que a redução de preços de bens duráveis e semi-duráveis, por conta do aumento das importações, tem sustentado um pouco o comércio, mas como a indústria está sendo prejudicada pela substituição de produção doméstica, deixou-se de criar uma renda que seria revertida em parte para o consumo.


Para o diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, o aumento no volume de vendas no ano de 2006 ficará em torno de 4,5%, abaixo do crescimento de 2005. “Em teoria, esse aumento poderia ser até menor, já que o crescimento do PIB em torno de 3% este ano vai ser pequeno.”


Com o crescimento do emprego formal, diz Silveira, haverá também maior volume de décimo terceiro salário na economia, que, por sua vez, incide sobre salários nominais mais altos. Outro fator positivo para o comércio em 2006 é que a inadimplência está sob controle. “No entanto, em 2007, a economia atingirá o limite do crescimento baseado no aumento do crédito, que hoje está cresce a uma velocidade maior que a massa salarial.”


O economista da LCA Consultores, Bráulio Borges, tem visão um pouco mais otimista sobre a evolução do comércio este ano e projeta um aumento das vendas de 5,7% ante 2005. Ele lembra que, no acumulado do ano até julho, as vendas aumentaram 5,2% e a tendência é que ocorra uma aceleração desse indicador ao longo do segundo semestre.


Borges enfatiza que a inflação tem ficado sempre abaixo das projeções do mercado nos últimos meses, levando a um crescimento do poder de compra da população maior do que se esperava. “Até dois ou três meses atrás imaginava-se uma inflação para 2006 próxima a 4%. Agora, as projeções já estão caminhando para um inflação perto de 3%. A maior parte dos trabalhadores teve um reajuste salarial com base na inflação passada de cerca de 5%, só que a inflação corrente está próxima a 3%.”


O economista cita também como fator de dinamismo no segundo semestre, a recuperação da economia da região Sul – que na primeira metade do ano sofreu com a queda de safra agrícola e das exportações.


Apesar da queda nos meses de junho e julho, Borges aposta na recuperação do setor de bens de consumo duráveis no final do ano, “mas não tão forte a ponto de compensar as perdas de junho e julho”. As importações de bens duráveis – que aumentaram 79,5% de janeiro a agosto de 2006 em relação a igual período do ano passado – continuarão a contribuir para a redução dos preços desses bens e para as vendas do setor, segundo Borges, que não vislumbra uma taxa de câmbio muito distante da atual pelo menos daqui a um ano.


Para ele, os setores que terão melhor desempenho no final do ano serão os mais dependentes do crédito. Ele diz que, mesmo crescendo menos do que em 2005 – a Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban) projeta aumento do crédito para pessoa física em torno de 25,4% em 2006, ante 37,6% em 2005 -, a elevação ainda é expressiva e permitirá maior demanda por bens como automóveis e material de construção, que começaram o segundo trimestre aquecidos.


A economista do Departamento Intersindical de Estudos Econômicos e Sociais, Catia Uehara também aposta em um Natal melhor este ano em relação a 2005 e diz que as vendas de materiais para construção podem ainda ser beneficiadas pelo pacote para o setor de habitação, lançado pelo governo.


Ela é um pouco mais cautelosa quanto aos impactos do crédito sobre o consumo. “Temos que aguardar para ver o que vai acontecer com o crédito e, conseqüentemente com as vendas de bens duráveis, que têm resposta imediata à sua expansão” No caso de bens semi-duráveis, como vestuário e calçados, ela diz que a maior influência é do clima.


Segundo Borges, a queda das vendas de supermercados captada pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi pontual e pequena, depois de um mês de crescimento muito forte. “A tendência é que a demanda para o setor continue crescendo sustentado pela queda dos preços e recuperação do mercado de trabalho.”

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