A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu para 0,21% em setembro, acima do 0,16% previsto pelo mercado. O resultado foi também quatro vezes o de agosto, quando o indicador havia registrado alta de 0,05%.
A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu para 0,21% em setembro, acima do 0,16% previsto pelo mercado. O resultado foi também quatro vezes o de agosto, quando o indicador havia registrado alta de 0,05%. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o comportamento da inflação foi ditado por reajustes pontuais.
Quatro itens responderam por mais da metade da inflação de setembro: cigarros (2,72%), salários de empregados domésticos (1,97%), taxa de água e esgoto (1,89%, devido ao reajuste em São Paulo) e artigos de vestuário (0,46%, com a chegada das coleções de primavera).
O aumento dos salários dos trabalhadores domésticos foi resultado do reajuste do salário mínimo, a partir de abril. Em razão da metodologia usada pelo IBGE, o impacto do aumento é diluído ao longo dos meses seguintes.
Os bens duráveis tiveram nova queda de preços. O efeito do câmbio e a concorrência dos importados levou à queda de 10,01% no ano nos preços de TVs, som e informática. Os eletrodomésticos recuaram 0,64% de janeiro a setembro.
Segundo a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o dólar contribuiu para o controle da inflação neste ano. Até setembro, o índice oficial de inflação, que baliza as metas definidas pelo Banco Central, acumula alta de 2% -a menor taxa para o período desde 1998.
“Os resultados observados desde janeiro mostram tendência decrescente a cada mês. Isso indica que, nos próximos meses, não havendo surpresas, os números vão ser cada vez menores, tendendo para a casa dos 3% [ao ano]”, afirmou.
De acordo com Marcela Prada, analista da consultoria Tendências, a inflação deve encerrar o ano próxima do piso da meta deste ano. Caso esse cenário se confirme, o índice obterá a segunda menor taxa de inflação desde que foi criado, em 1979, acima apenas da taxa verificada em 1998, de 1,7%, em razão das crises internacionais na Ásia e na Rússia.
A única incerteza seria um eventual aumento da gasolina até o fim do ano. A meta de inflação para 2006 é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Baixa renda
A inflação das famílias de baixa renda, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), acumula taxa de 1,32%. “As famílias de renda mais baixa estão se beneficiando mais da queda de preços em razão do comportamento dos alimentos. Além disso, os itens que subiram não têm peso na cesta de bens dessas famílias”, afirmou Santos.
Para Alex Agostini, economista da Austin Rating, o desempenho da inflação coloca em xeque a atuação do Banco Central. “A política monetária empenhada no país tem deteriorado os fatores de produção e o Brasil tem perdido terreno para seus concorrentes na corrida pela atração de investimentos no setor produtivo, o que implica menor nível de emprego e renda”, afirma.
Maior em 2007
O comportamento da inflação neste ano mudou a tendência das previsões. Segundo Alexandre Sant’Anna, da ARX Capital, trata-se da primeira vez que o mercado projeta inflação mais alta para o ano seguinte. “As expectativas do mercado apontam pela primeira vez para um número abaixo da inflação do próximo ano”, disse. A meta de inflação para 2007 é a mesma deste ano, de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais.
Apesar do comportamento do índice neste ano, analistas esperam resultado maior em 2007 apoiado em maior expansão e na desvalorização moderada do real.
“A entrada de dólares via exportação vai diminuir junto com o aumento das importações. A taxa de câmbio deve mudar um pouco e ficar em R$ 2,40”, afirmou Carlos Thadeu de Freitas, professor do Ibmec e ex-diretor do Banco Central.
Alimentos “in natura” puxam aumento do índice de preços da terceira idade
A inflação dos idosos subiu para 0,50% no terceiro trimestre, puxada pela alta nos preços de produtos “in natura”, como frutas. O resultado supera o da inflação para o consumidor, de 0,42% no período, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). Os alimentos têm peso superior na cesta de produtos dos idosos. No segundo trimestre, o IPC-3I (Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade) havia registrado alta de 0,07%.
O grupo alimentação registrou alta de 0,79% no terceiro trimestre, com destaque para a alta de produtos como mamão papaia (50,04%), limão (119,58%) e manga (49,20%). A entressafra da carne bovina também pressionou os preços. Outros produtos alimentícios ajudaram a conter a inflação no período de julho a setembro, como batata inglesa (-23,48%) e feijão-carioquinha (-17,41%). De acordo com André Braz, coordenador do IPC, a cesta de consumo dos idosos dá mais peso a alimentos como frutas, verduras e peixes.
“Tivemos variações de itens que pesam mais na cesta de consumo dos idosos, como taxa de água e esgoto, que tem repercussão mais forte na cesta de produtos da terceira idade”, afirmou. A taxa de água e esgoto registrou alta de 4,39%.
As principais influências no terceiro trimestre, de acordo com a FGV, vieram dos grupos alimentação, habitação e saúde e cuidados pessoais.
No ano, a inflação dos idosos acumula uma alta de 1,40%, contra uma variação de 1,04% para os consumidores em geral. De acordo com Braz, a expectativa é a de que no quarto trimestre a inflação dos idosos seja menor em razão da ausência de aumentos significativos de produtos administrados. O único previsto até agora é o reajuste de energia no Rio de Janeiro em novembro.
Tendência
Desde que o índice foi criado, no entanto, a inflação dos idosos sempre superou a da população em geral. “Sempre houve pressão maior na inflação dos idosos. Boa parte disso ocorre porque os administrados têm peso maior na cesta de produtos deles”, disse.
Produtos como vestuário, transportes e educação têm peso menor na inflação da terceira idade.
O índice de inflação dos idosos calculado pela FGV ouviu 1.384 famílias em sete capitais. Do total de consumidores da amostra, 82% são idosos.