Antecipação do Natal dá novo impulso às vendas a prazo

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As vendas financiadas começaram a reagir no mês passado, depois da ressaca da Copa do Mundo em julho e agosto. O volume de consultas para negócios a prazo aumentou em setembro 3,5% em relação ao mesmo período de 2005, após dois meses consecutivos de desaceleração, segundo a Associação Comercial de São Paulo.

As vendas financiadas começaram a reagir no mês passado, depois da ressaca da Copa do Mundo em julho e agosto. O volume de consultas para negócios a prazo aumentou em setembro 3,5% em relação ao mesmo período de 2005, após dois meses consecutivos de desaceleração, segundo a Associação Comercial de São Paulo. Um forte movimento de antecipação de compras de fim de ano promovido pelas lojas e bancos, que oferecem linhas de crédito, começa a se espalhar pelo mercado e explica boa parte da reação nas vendas.


É possível, por exemplo, comprar um carro zero quilômetro desembolsando apenas R$ 1 de entrada, reformar a casa hoje e só começar a pagar o material de construção em janeiro de 2007 ou ainda ter 60 dias de carência para pagar a primeira prestação de eletrodomésticos e móveis. A corrida das lojas e financeiras para antecipar os gastos de Natal e fisgar o 13º salário do brasileiro antes do concorrente aumenta o risco do surgimento de uma bolha de consumo, que se esvaziaria no Natal, alertam economistas.


‘Houve uma melhora nas vendas do mercado de materiais de construção em setembro, ainda que inferior às expectativas’, diz o diretor-geral da Telhanorte, Fernando Castro. Ele atribui a recuperação registrada no mês passado à liberação de uma parcela da renda que estava comprometida com o pagamento de prestações de crediários assumidos no fim do ano passado.


Mas o varejo acha arriscado depender só do movimento natural do mercado para que as vendas deslanchem. Pela primeira vez, a Telhanorte decidiu dar 90 dias de carência para o cliente pagar a primeira prestação no crediário em três vezes sem juros. Quem compra hoje, quita a primeira parcela em janeiro de 2007. ‘A nossa idéia é não competir com os recursos que serão destinados às compras de Natal em si’, observa.


As Casas Bahia, a maior revenda de eletroeletrônicos e móveis do País, é outra varejista que esticou o prazo de carência no crediário. A rede iniciou a campanha de Natal para a venda de móveis a prazo na segunda quinzena de agosto, com o pagamento da primeira prestação em dezembro. No ano passado, essa mesma campanha começou em outubro e o prazo de carência era de dois meses para a primeira prestação ser paga em dezembro. Neste ano, esse plano inclui também algumas linhas de eletroeletrônicos.


A rede também confirma a reação tímida nos negócios a partir do mês passado. Em setembro, a companhia emitiu 180 mil cartões de crédito em parceria com o Bradesco, mais que o dobro do que a média mensal de janeiro a agosto. Segundo a empresa, esse é um crédito pré-aprovado que deve ser gasto no fim do ano. Também o fato de os recursos do 13º salário não estarem sujeitos aos descontos na folha de pagamento de créditos consignados já assumidos reforça o otimismo para o Natal. A expectativa é ampliar as vendas em 10% no Natal deste ano ante a mesma data de 2005.


Nas Lojas Cem, a reação nas vendas começou em julho, quando o faturamento aumentou 8% em relação ao mesmo período de 2005. Em agosto, o acréscimo foi de 16% na comparação anual e, no mês passado, de 30%. ‘A nossa expectativa é repetir neste mês o crescimento de 30%’, afirma o supervisor geral, Valdemir Colleone.


Ele diz que parte do desempenho resulta da base fraca de comparação d o segundo semestre de 2005 . Mas Colleone ressalta que o crescimento no volume de negócios está sendo sustentado pelos baixos preços dos eletroeletrônicos e pelo crédito fácil. Nos últimos 12 meses, os preços da linha de áudio e vídeo vendida pela rede caíram mais de 25%.


Mais cautelosa do que os concorrentes, a empresa optou por não alterar as formas de pagamento para antecipar as vendas de Natal. Colleone diz que isso pode levar o consumidor a comprar além da sua capacidade de pagamento.


‘Uma hora pode aparecer esse buraco no ritmo de vendas’, adverte o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emílio Alfieri. Ele teme que a reação no volume de negócios a prazo em setembro seja fruto dessa antecipação de compras promovida pelas lojas para captar a primeira parcela do 13º salário dos aposentados e dos trabalhadores. Se essa hipótese se confirmar, o fim poderá ser complicado, observa.


‘Esse risco existe’, admite o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. Mas ele pondera que o lojista que não oferecer crédito não vende. De toda forma, lembra que a inadimplência está recuando.


Dados da ACSP mostram que, em setembro, a inadimplência líquida do consumidor caiu na comparação com agosto. Foi de 5,1%, ante 5,6% do mês anterior e 4,9% em setembro de 2005. A inadimplência líquida é o saldo entre o número de carnês com prestações em atraso acima de 30 dias e os carnês renegociados, comparado com o saldo das vendas a prazo de três meses anteriores.




 

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