O recuo no preço dos alimentos e a menor pressão dos administrados e dos serviços neste ano farão com que os brasileiros tenham mais dinheiro para gastar com produtos que não são de primeira necessidade. Até agora, a massa de rendimentos disponível para o consumo desse tipo de bens já cresceu 6,6%, percentual maior do que o avanço da massa total de renda, que foi de 5,7%, segundo cálculos da consultoria MB Associados.
Os preços dos alimentos e bebidas nos últimos 12 meses até setembro acumulam uma queda superior a 1%.
O recuo no preço dos alimentos e a menor pressão dos administrados e dos serviços neste ano farão com que os brasileiros tenham mais dinheiro para gastar com produtos que não são de primeira necessidade. Até agora, a massa de rendimentos disponível para o consumo desse tipo de bens já cresceu 6,6%, percentual maior do que o avanço da massa total de renda, que foi de 5,7%, segundo cálculos da consultoria MB Associados.
Os preços dos alimentos e bebidas nos últimos 12 meses até setembro acumulam uma queda superior a 1%. Em 2005, em igual comparação, esses itens apresentavam trajetória oposta, com uma elevação de 3,95%. A inflação dos serviços, que tem mostrado uma grande resistência a ceder, também tem dado algum alívio. Após terminar o ano passado com uma alta de 6,8%, os custos de serviços como cabeleireiro, encanador e eletricista, já cederam para 5,9% nos 12 meses terminados em setembro. É o menor acumulado nesta comparação desde dezembro de 2002 – quando havia subido 5,5%.
Com esse refresco no bolso dos trabalhadores, Sergio Vale, economista da MB, projeta um crescimento de 5% nas vendas do comércio varejista. O alívio dado aos salários por conta da inflação não será o único incentivo ao varejo. As taxas de juros em queda e a continuação da expansão do crédito ao consumidor, ainda que em nível menos robusto do que o do ano passado, também impulsionarão o setor. Em 2005, segundo o IBGE, o varejo, vendeu 4,8% a mais do que em 2004.
Na avaliação de Fábio Silveira, da RC Consultores, a redução do nível médio de inadimplência das famílias e o aumento na confiança do consumidor são outros pontos favoráveis às vendas. Ele espera que o nível de consumidores com dívidas em atraso passe de 43% em 2005 para 40% no fim deste ano. A projeção é feita com base nos dados da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Pelos cálculos de Silveira, a renda disponível para o consumo de bens não essenciais chegará a 63% este ano. Esse percentual corresponde ao que sobra do orçamento de uma família que ganha cerca de R$ 2,1 mil após a compra da cesta básica e do pagamento de tarifas como energia elétrica, telefonia, gás, transporte, além dos valores destinados aos gastos com celular pré-pago. Em 2005, esse percentual foi menor, de 61,7%. O resultado projetado para este ano é o maior desde 2002, quando a renda disponível chegou a 68%.
O dólar baixo, que ajuda a derrubar o preço dos alimentos, também contribuiu para a queda dos valores cobrados em bens como eletroeletrônicos e itens de vestuário, uma vez que muitos produtos importados entram no mercado brasileiros com preços mais baixos do que os concorrentes nacionais.
A venda dos bens não-duráveis, como alimentos e bebidas, estão sendo beneficiadas pelo aumento da renda – seja por conta reajustes salariais maiores para os trabalhadores, pela política de valorização do salário do salário mínimo ou pelas maiores transferência de renda, caso do Bolsa Família e de outros benefícios. Ao mesmo tempo, a venda dos duráveis se expande pelo crédito e pela importação.
Segundo Vale, a absorção desse tipo de produto no Brasil, que equivale a tudo o que o país produz e importa, menos o que ele vende para fora, tem crescido de forma seguida desde 2003. “A participação das importações ainda é pequena e não chega a 10%, mas tem aumentado a cada ano, enquanto a das exportações cai sem parar”, argumenta.
Para 2007, a expectativa da MB é de um crescimento menor do varejo, entre 4% e 4,5%, pois os estímulos fiscais do governo não serão mais tão fortes. A projeção para o crescimento da massa salarial é de 4,3%. Neste ano, a massa deve crescer 5,6%. Porém, diferentemente do que se passou em 2005 e do que deve ocorrer em 2007, o que puxará o aumento da massa será o rendimento real, com alta de 3,1%. O nível de ocupação, por sua vez, deverá subir 2,5%. Para o próximo ano, a elevação de 4,6% na massa será fruto de um incremento de 1,9% no rendimento e 2,4% na quantidade de pessoas ocupadas.