Investimento é o maior em 14 meses

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O fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil surpreendeu em setembro e atingiu US$ 1,75 bilhão, o melhor desempenho desde julho do ano passado. O resultado superou as expectativas dos analistas do mercado financeiro e até mesmo do Banco Central (BC), que contava com um ingresso líquido (entradas menos saídas) de US$ 1,3 bilhão.

O fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil surpreendeu em setembro e atingiu US$ 1,75 bilhão, o melhor desempenho desde julho do ano passado. O resultado superou as expectativas dos analistas do mercado financeiro e até mesmo do Banco Central (BC), que contava com um ingresso líquido (entradas menos saídas) de US$ 1,3 bilhão. Investimentos no setor de produção de álcool e energia elétrica, que não foram contemplados na previsão inicial do BC, acabaram sendo realizados, aumentando em US$ 450 milhões o ingresso de dólares para o País.


Apesar do fluxo favorável no mês passado, dificilmente a previsão do BC de um ingresso de US$ 18 bilhões para 2006 será atingida. Como o fluxo de investimentos diretos no País acumulado em 2006 está em US$ 11,9 bilhões, será preciso um ingresso mensal de ao menos US$ 2 bilhões até o fim do ano, volume considerado elevado pelos analistas econômicos. Para outubro, o próprio BC estima um ingresso menor, de US$ 1,2 bilhão. Até ontem, o BC já contabilizava ingressos de US$ 700 milhões em outubro.


A melhora do IED ocorre na mesma semana em que a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgou estudo mostrando queda no fluxo de IED para o Brasil. No ranking da Unctad, que usou dados de 2004 e 2005, a economia brasileira ficou numa posição desfavorável em comparação a outros países da América Latina.


A Unctad estima que o País receberá apenas US$ 14,8 bilhões em 2006. O estudo alimentou ainda mais as incertezas sobre a dificuldade que o Brasil vem tendo em atrair investimentos, justamente num momento de redução da queda dos juros, inflação e risco País.


‘A única rubrica das contas externas que tem ficado aquém do esperado, diante da queda acentuada do prêmio de risco e do abundante fluxo de recursos no mundo, são os investimentos estrangeiros diretos’, comentou o economista Guilherme Loureiro, da Tendências Consultoria. Na sua avaliação, o aumento do IED no futuro estará condicionado às perspectivas de lucratividade das empresas, andamento das reformas microeconômicas e redução da burocracia. Do contrário, disse ele, o IED não vai deslanchar.


Para o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, o fluxo está subindo dentro do esperado. Mas ele não arriscou afirmar que a previsão de US$ 18 bilhões será alcançada. Ele chamou atenção para o aumento dos investimentos no setor de produção de álcool, que em setembro foi de US$ 173 milhões, enquanto em todo o ano passado não passou de US$ 8 milhões. Em 2006, os investimentos para esse setor somam US$ 192 milhões. ‘É um setor que está ganhando relevância.’ Ele destacou que movimento semelhante já vem ocorrendo no setor imobiliário.


O fluxo de investimentos estrangeiros neste ano está ligeiramente superior ao verificado no período de janeiro a setembro de 2005, que foi de US$ 11,66 bilhões. O resultado de setembro também foi maior do que o registrado no mesmo mês de 2005, quando ingressaram no País apenas US$ 31 milhões.


Naquele mês, ocorreram três operações de ‘desinvestimento’ – empresas que deixaram o País – no valor de US$ 781 milhões. Segundo o BC, o IED em 12 meses até setembro atingiu US$ 15,3 bilhões, voltando a esse nível depois de ficado cinco meses em torno de US$ 13 bilhões. Em 2005, o fluxo de IED totalizou US$ 15,06 bilhões.




Remessas de lucros caem e surpreendem BC


A redução das remessas de lucros e dividendos das empresas estrangeiras surpreendeu o Banco Central (BC) e contribuiu para o superávit em conta corrente de setembro . Em relação a agosto, o valor recuou de US$ 1,030 bilhão para US$ 864 milhões.


Nos meses anteriores, o câmbio valorizado e o aumento da rentabilidade das empresas provocou aumento das remessas. Foram US$ 11,608 bilhões de janeiro a setembro, 36,1% acima dos US$ 8,529 bilhões remetidos em igual período do ano passado.


O BC estima que as remessas atinjam US$ 14,2 bilhões no ano. A expectativa é de que, daqui para frente, as remessas mensais fiquem ao redor de US$ 800 milhões.

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