Parte da indústria nacional espera um Natal magro para este ano. A fraca expansão da economia do país fez com que empresários de diferentes setores refizessem suas estimativas e adotassem atitude menos otimista em relação às vendas de dezembro. Para a maior parte dos setores ouvidos pelo Jornal do Commercio, os últimos dias de 2006 servirão principalmente para amenizar parte das perdas amargadas durante todo o ano.
Parte da indústria nacional espera um Natal magro para este ano. A fraca expansão da economia do país fez com que empresários de diferentes setores refizessem suas estimativas e adotassem atitude menos otimista em relação às vendas de dezembro. Para a maior parte dos setores ouvidos pelo Jornal do Commercio, os últimos dias de 2006 servirão principalmente para amenizar parte das perdas amargadas durante todo o ano. O derrame de produtos asiáticos no mercado nacional é uma das principais queixas do setor.
Principal indicador antecedente da economia, o setor de embalagens teve um ano apático. “Há uma mobilização das indústrias para o final do ano, mas o aquecimento ainda é morno. As encomendas para o Natal, que começaram a ser feitas no final do terceiro trimestre, devem apenas manter o ritmo que já vinha sendo observado no ano. O setor deve crescer cerca de 1,5% com as vendas de dezembro, fechando o ano com expansão de 1,2%”, comenta a diretora-executiva da Associação Brasileira de Embalagens (Abre), Luciana Pelegrino.
Segundo Luciana, um dos segmentos de destaque é o de embalagens para refrigerantes, que promete voltar a crescer. A grande concorrência para o setor, afirma, é o aumento expressivo de produtos acabados. “Com o real valorizado, a cada ano este volume aumenta. A indústria nacional precisa se modernizar e se tornar mais competitiva para enfrentar esta concorrência”, avalia.
Comércio varejista. O pessimismo é maior no de vestuário. O Natal é a maior data de vendas para o comércio varejista, já que roupas e acessórios estão sempre entre os produtos mais procurados nesta época do ano, seja para uso próprio, seja para dar de presente. O problema, mais uma vez, está na competição asiática.
“Para o varejo as vendas devem ser boas, mas para nós a proporção não será a mesma. Atualmente estamos com um volume de produção negativo, em torno de 6%. O Natal amenizará este resultado, reduzindo este déficit em um ponto percentual, permitindo que no ano a queda do setor de vestuário seja de 4%”, lamenta o presidente do Sindicato da Indústria de Vestuário (Sindivest), Marcel Zelazny.
Nos cálculos de Zelazny, entre 10% a 15% das roupas vendidas hoje no país são provenientes da China e de países vizinhos. “Há cerca de três anos, este número não passava de 3%”, diz. Segundo o presidente do Sindivest, as estatísticas oficiais não têm refletido a realidade, porque boa parte das peças entra no país de maneira ilegal.
Já a Associação Brasileira de Refrigerantes (Abir) está mais animada para as vendas natalinas. O mês de dezembro é considerado bom para o setor porque, além das festas de fim de ano, o clima quente incentiva o consumo das bebidas. De acordo com o diretor-executivo da Abir, Paulo Mozart, no último trimestre do ano, o crescimento do setor deve ser da ordem de 4,5% em relação ao ano passado, em especial se a estação for mais quente. Ele só lamenta o pequeno crescimento da economia do país como um todo. “Poderíamos estar melhor, mas a economia ficou bem abaixo do que se esperava. Mesmo assim, vamos crescer em acima do PIB do país”, disse.
Desempenho. No segundo semestre, o desempenho do setor de refrigerantes foi superior ao do ano passado em razão, principalmente, da realização da Copa do Mundo e de um bom número de feriados prolongados. O mês de setembro confirma estas previsões. Pesquisa realizada pela Abir com seus associados mostra que houve aumento de vendas de 4,5% em relação ao ano passado. O crescimento acumulado do segundo semestre está 3,8% acima do registrado em igual mês do ano passado.
As projeções mais otimistas são da indústria de brinquedos. A associação do setor, a Abrinq, espera aumento da ordem de 30% na produção e nas vendas de Natal. A indústria do setor se prepara para a data com o lançamento de 800 produtos. Para o ano, a projeção é de expansão de 4%, puxados, principalmente, pelo segundo semestre (Dia das Crianças e Natal). Em 2005, a indústria de brinquedos faturou R$ 950 milhões e deve fechar este ano com R$ 1 bilhão.
A exemplo do setor têxtil, os produtos de origem asiática também têm se apresentado como ameaça aos fabricantes locais. “O problema não é a importação, porque isto faz parte dos negócios. O problema e a entrada de produtos subfaturados e piratas, que promovem uma concorrência desleal”, comenta o presidente da Abrinq, Synesio Batista da Costa.