Indústria atrai cada vez menos recursos diretos de estrangeiros

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A indústria brasileira perdeu competitividade internacional e está atraindo cada vez menos recursos diretos de investidores estrangeiros. Dados do Banco Central mostram que um total de US$14,12 bilhões ingressaram no país entre janeiro e setembro, montante 34% menor do que o registrado em igual período do ano passado, quando as remessas somaram US$ 21,64 bilhões.


Do total de US$14,12 bilhões, US$ 5,22 bilhões foram para o setor industrial, representando 37% do total. Já o segmento de serviços atraiu US$ 7,76 bilhões, ou o equivalente a 55% do total.



A indústria brasileira perdeu competitividade internacional e está atraindo cada vez menos recursos diretos de investidores estrangeiros. Dados do Banco Central mostram que um total de US$14,12 bilhões ingressaram no país entre janeiro e setembro, montante 34% menor do que o registrado em igual período do ano passado, quando as remessas somaram US$ 21,64 bilhões.


Do total de US$14,12 bilhões, US$ 5,22 bilhões foram para o setor industrial, representando 37% do total. Já o segmento de serviços atraiu US$ 7,76 bilhões, ou o equivalente a 55% do total. “Os grandes grupos internacionais que querem ampliar a produção industrial estão preferindo a China”, resumiu o professor do Ibmec-RJ, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central.


No ano passado, a participação foi semelhante. Dos US$ 21,64 bilhões que ingressaram no país sob a forma de investimento direto, US$ 6,5 bilhões foram para indústria (30,17% do total) e US$ 12,9 bilhões para os serviços, ou quase 60% do total. O restante, o total de 10%, foi direcionado às área de mineração ou agricultura.


Agronegócio


O sócio de corporate finance da KPMG, André Castello Branco, ponderou que alguns segmentos industriais ainda são atraentes, como o agronegócio, com destaque para a área de açúcar e álcool. Mas, até setembro, a área de serviços liderava as operações de fusões e aquisições no Brasil. O setor de energia elétrica, por exemplo, registrou 52 operações este ano, sendo 32 de capital estrangeiro.


“Na área industrial, o grande destaque dos últimos anos, tem sido o movimento inverso, com as empresas industriais brasileiras investindo no exterior, tentando diversificar mercados”, explicou Castello Branco.


Alguns dos investimentos industriais realizados no Brasil por investidores estrangeiros estão acoplados a estratégias mundiais desses grupos. É o caso da ThyssenKrupp, que está construindo uma siderúrgica no Rio de Janeiro, em um investimento equivalente a US$ 3,6 bilhões. A unidade fluminense produzirá placas de aço para a Europa e Canadá. Mesmo ficando com apenas parte do processo de produção, essas unidades contribuem para ampliar o leque de exportações do país, ao contrário dos investimentos no setor de serviços, que visam basicamente o mercado interno.


O diretor da Pricewaterhouse Coopers, Raul Beer, observa que a área imobiliária tem atraído os interesses do investidor estrangeiro, envolvendo construções residenciais, comerciais e industriais, que nos Estados Unidos são agrupados na rubrica de “real estate”. “É um setor que deve crescer muito nos próximos anos”, afirmou. Mas ele constatou também que o maior interesse é em setores envolvendo o mercado de consumo, inclusive o comércio varejista.


O setor de supermercados no Brasil já é dominado por grandes grupos internacionais como o americano Wal Mart, e os franceses Carrefour e Casino, que controla o grupo Pão de Açúcar. No ano passado, o segmento de comércio atraiu investimentos de US$ 2,83 bilhões, equivalentes a 13,10% do total, só ficando abaixo dos US$ 3,96 bilhões direcionados para as telecomunicações (18,3%). Este ano, até setembro, os investimentos no setor comercial atraíram US$ 1,6 bilhão.


Área Financeira


 Outro segmento que tem se mostrado atraente ao investidor estrangeiro é a área financeira, que somou US$ 1,596 bilhão de investimentos estrangeiros diretos de janeiro a setembro deste ano, ou o equivalente a 10,95% do total.


Beer, da Price, observou que, indiretamente, até nessas operações é o mercado consumidor interno que está atraindo o investidor externo. “São várias operações na área de crédito ao consumo e os grandes grupos financeiros internacionais querem participar desse bolo”, complementou. Já Carlos Thadeu, do Ibmec, considera que o principal motivo para os investimentos estrangeiros no mercado financeiro é a “inevitável” internacionalização desse mercado, inclusive o brasileiro.




 

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