O associativismo se tornou uma importante estratégia do varejo na busca pela competitividade e sobrevivência no mercado. Principalmente pequenos e microempreendimentos passaram a depender do suporte destas redes para não desaparecerem. Alguns segmentos, como o de supermercados e o farmacêutico, adotam com mais freqüência esse modelo de alianças, que ainda está longe da maturidade.
Profissionais e consultores discutiram essas questões no 1º Fórum Varejo Rio, organizado pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), que aconteceu ontem, na Barra da Tijuca.
O associativismo se tornou uma importante estratégia do varejo na busca pela competitividade e sobrevivência no mercado. Principalmente pequenos e microempreendimentos passaram a depender do suporte destas redes para não desaparecerem. Alguns segmentos, como o de supermercados e o farmacêutico, adotam com mais freqüência esse modelo de alianças, que ainda está longe da maturidade.
Profissionais e consultores discutiram essas questões no 1º Fórum Varejo Rio, organizado pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), que aconteceu ontem, na Barra da Tijuca. O segmento representado pela entidade foi pioneiro nesse processo de associativismo, importando o modelo do exterior. Durante o evento, João Luiz Allevato Júnior, colaborador da gerência de marketing da associação, detalhou as diversas limitações das redes atuais, cujas ações visam apenas ao curto-prazo.
“As associações e redes estão muito preocupadas com a negociação de preços baixos com os fornecedores e deixam de lado questões muito mais importantes, como a capacitação e a criação de uma identidade para o grupo”, disse, durante o evento. Segundo ele, em um primeiro momento, os ganhos com descontos em função das encomendas maiores, feitas em conjunto, realmente são efetivas. No entanto, o valor tende a se estabilizar com o passar do tempo, o que leva alguns associados a deixarem as redes.
Centrais de Negócios
Essas parcerias precisam superar a função de meras centrais de compras para se tornarem centrais de negócios. Cada associado deve pagar uma taxa, o que nem sempre acontece nas redes hoje existentes, para viabilizar a oferta de cursos de capacitação, a pesquisa em inovação e tecnologia e a padronização dos modelos de gestão e da identidade visual dos parceiros. Assim, a operação do varejo caminharia para uma maior profissionalização.
“Entre os desafios das redes está a unificação das promoções e campanhas publicitárias, a padronização do mix de produtos das lojas parceiras, a centralização das compras e da logística, a instituição de uma imagem padrão de marca forte e o treinamento unificado”, acrescentou Antônio Galvão, diretor da Automacom Consultoria em Varejo.
O consultor apontou ainda a nova prática, que pode ser muito benéfica aos associados, de criação de um cartão de crédito com marca própria, como estratégia para se desvencilhar dos bancos e seus juros altos. A rede assume o risco de conceder crédito a seus clientes como forma de fidelizá-los.
O compartilhamento de dados entre os parceiros da rede também pode ser muito vantajoso a todos, mas, para isso, as empresas precisam ter sistemas de medição eficientes. “O ponto fraco do varejo é que os profissionais desconhecem os produtos com mais e menos volume de venda, as falhas da concorrência e quem são os melhores clientes. Não há a definição do consumidor e, tampouco, o ponto-de-venda é utilizado como ferramenta de fidelização”, explicou Allevato.
Galvão foi pioneiro na implantação do código de barras no País, ferramenta ainda pouco explorada. “Hoje, o varejo usa o código de barras apenas para reduzir filas nos supermercados, mas não usa as informações que estão ali registradas. Poderia ser uma forma de conhecer os clientes, através da análise de suas compras”, queixa-se o consultor da Automacom. Sem a preocupação do armazenamento e análise das informações do negócio e seus clientes, não há o que ser compartilhado.
Problemas no setor não faltam, segundo consultores. Para Bernardo Monzo, responsável pela área de acesso a negócios do Sebrae/RJ, os mais sérios encontram-se principalmente nas pequenas e microempresas. “A maioria dos empresários se inseriu no mercado motivado pela necessidade e não pela oportunidade ou vocação”, explica Monzo.
Vantagens
Anibal Medeiros, sócio do supermercado Polisuper decidiu se associar a Redeconomia em busca de diversas vantagens, mas se decepcionou ao perceber que os esforços do grupo estavam voltados apenas para o setor de compras, responsável pela negociação com os fornecedores. A rede existe desde 1998 e conta com 13 empresas, que somam mais de 80 lojas. Segundo ele, não há interesse por parte dos associados em uma padronização da prática da gestão, o que ele considera prioritário.
“Inovação não parece ser a preocupação principal das redes. Elas vivem muito o dia-a-dia, com a visão de curto prazo”, afirma Medeiros. O empresário é graduado em marketing e tem especialização em gestão empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV), qualificações que lhe garantem um entendimento melhor do mercado e suas exigências. Medeiros também considera problemático o fato de a maioria dos empreendedores não terem sequer o terceiro grau completo. “Precisamos passar a imagem de uma corporação, mas falta unidade às redes”, reclama.
Para ele, a realidade vivenciada na Redeconomia é a mesma da maioria das associações. O futuro, segundo Medeiros, não é nada favorável.