Seminário aponta necessidade de cooperação entre países emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China (Bric)

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O seminário “Bric: Oportunidades e desafios”, promovido pela Presidência da Câmara, evidenciou o consenso entre especialistas, políticos e empresários de que é necessária a conjugação de esforços no âmbito dos principais países em desenvolvimento para serem alcançados o crescimento econômico e, simultanemente, a superação das desigualdades sociais.


O termo Bric, cunhado em estudo do banco de investimentos Goldman Sachs publicado no início dos anos 2000, refere-se a Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro maiores países em desenvolvimento do mundo.

O seminário “Bric: Oportunidades e desafios”, promovido pela Presidência da Câmara, evidenciou o consenso entre especialistas, políticos e empresários de que é necessária a conjugação de esforços no âmbito dos principais países em desenvolvimento para serem alcançados o crescimento econômico e, simultanemente, a superação das desigualdades sociais.


O termo Bric, cunhado em estudo do banco de investimentos Goldman Sachs publicado no início dos anos 2000, refere-se a Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro maiores países em desenvolvimento do mundo. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou que a integração comercial dos Brics e ainda da África do Sul, que também participou do seminário, implica vencer desafios comuns como a infra-estrutura deficitária, o baixo nível de educação da população e a desigualdade social.


Nesse cenário, de acordo com o ministro, é preciso que as experiências bem-sucedidas em cada um dos países no enfrentamento dessas questões sejam reproduzidas nos demais.


Afinidades

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, defendeu a conjugação de esforços na busca do desenvolvimento sustentável dos Brics. Para ele, esses países consolidam “a experiência das economias mais dinâmicas do mundo na história recente”. Aldo acrescentou que o compartilhamento de experiências para ampliar o crescimento econômico e social não é apenas uma opção dos Brics, mas sim uma exigência para a construção de “um mundo mais equilibrado” em termos de comércio internacional.


Aldo Rebelo lembrou que essas cinco nações reúnem mais de 2,6 bilhões de habitantes – quase metade da população mundial – e conhecem uma “dinâmica de desenvolvimento econômico que não pode ser tributada apenas à casualidade”.


Já o ministro Furlan destacou que as economias dos cinco países se complementam. Para ele, o aumento exponencial do comércio exterior brasileiro em direção aos países em desenvolvimento nos últimos anos sinaliza uma estratégia correta, que deveria ser intensificada. A montagem de aviões da Embraer na China e a atuação da indústria brasileira de carrocerias Marcopolo na África do Sul denotam, segundo ele, a promissora expansão do capital nacional. Para o ministro, “daqui a alguns anos, as cinco nações serão o coração da economia mundial”, disse.


Maturidade

O empresário Ivoncy Ioschpe, presidente do Conselho Iochpe Maxion S.A. (empresa fabricante de rodas e chassis para veículos), destacou as vantagens do sistema político brasileiro em relação aos demais integrantes do Bric. O empresário lembrou que o Brasil experimentou uma transição democrática que resultou na consolidação de um sistema político amadurecido. Como símbolo dessa maturidade política, ele citou a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00), que proporcionou transparência e controle aos gastos do governo.


Ioschpe lamentou, no entanto, que a economia brasileira tenha encontrado, a partir da década de 80, obstáculos até agora intransponíveis, como o sistema educacional deficiente. “O impulso natural do empresário para investir não consegue se concretizar porque a economia não cresce”, disse.


Mesmo assim, o empresário relativizou o crescimento das economias da China, da Índia e da Rússia porque, em sua opinião, a estabilidade econômica não prescinde da estabilidade política e social. Essa incerteza em relação ao futuro político dos três países, na avaliação dele, impede que os empresários lhes destinem investimentos de longo prazo. “O Brasil está muito bem colocado”, sintetizou. “Não precisamos mais parar de crescer para resolver nossos gargalos”.


Grupo mapeou economias dos Brics até 2050


Com base em projeções demográficas e modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade, o grupo Goldman Sachs mapeou as economias dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) até o ano de 2050. Se os resultados correrem como esperado, em menos de 40 anos as quatro economias juntas poderão ser maiores que as dos G6 (Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Alemanha, França e Itália).


Nos próximos anos, a estimativa é que os Brics concentrem mais de 40% da população mundial e acumulem um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de US$ 85 trilhões (R$ 183,6 trilhões). Esses quatro países não formam um bloco político (como a União Européia), nem uma aliança de comércio formal (como o Mercosul e a Área de Livre Comércio das Américas – Alca) e tampouco uma aliança militar (como a Organização do Atlântico Norte – Otan). A estratégia desses países tem sido formar alianças por meio de tratados de comércio e cooperação, desde o ano de 2002.


Outro aspecto considerado positivo pelo estudo do Goldman Sachs é que as economias dos Brics se complementam, o que favorece o comércio multilateral. O principal item da produção brasileira está no setor de alimentos, enquanto a Rússia produz petróleo. Os negócios de serviços e de manufatura estão localizados principalmente na Índia e na China.


A inclusão de quase 1 bilhão de novos consumidores no mercado em tão pouco tempo deverá ter forte impacto sobre a demanda de uma gama crescente de bens e serviços. Em larga medida, a força dos Brics provém da enorme fatia da população mundial concentrada nos quatro países. Neles, vivem 2,7 bilhões de habitantes, o equivalente a 40% da humanidade.


Agência Câmara, 28 de novembro de 2006.

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