PIB cresce só 0,5% no 3º trimestre

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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro continuou a se expandir pouco como nas últimas décadas no terceiro trimestre deste ano. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o crescimento foi de 0,5%, o que dá 2,01% em termos anualizados. Na comparação com o terceiro trimestre de 2005, a expansão foi de 3,2%. Nos 12 meses até setembro, o PIB cresceu apenas 2,3%. E, no acumulado do ano, comparado com igual período de 2005, aumentou 2,5%.


Desde os anos 80, o PIB brasileiro arrasta-se a um ritmo entre 2% e 2,5% ao ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro continuou a se expandir pouco como nas últimas décadas no terceiro trimestre deste ano. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o crescimento foi de 0,5%, o que dá 2,01% em termos anualizados. Na comparação com o terceiro trimestre de 2005, a expansão foi de 3,2%. Nos 12 meses até setembro, o PIB cresceu apenas 2,3%. E, no acumulado do ano, comparado com igual período de 2005, aumentou 2,5%.


Desde os anos 80, o PIB brasileiro arrasta-se a um ritmo entre 2% e 2,5% ao ano. Com o resultado do terceiro trimestre divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), crescem as apostas no mercado de que o PIB em 2006 não crescerá mais do que 3%, ou mesmo de que fique um pouco abaixo deste nível. O Banco Itaú, por exemplo, prevê 2,9%, e o ABN Amro, 2,8%.


Segundo os cálculos do IBGE, para que a economia cresça 3,2% em 2006 – a previsão oficial do governo – o PIB teria que crescer 5,2% no último trimestre, comparado com igual período do ano anterior. A última vez que isso aconteceu foi no terceiro trimestre de 2004, com crescimento de 5,9%. Antes disso, só no início de 2000.


BOA NOTÍCIA. Houve, porém, uma boa notícia: os investimentos estão crescendo 6% no acumulado do ano, bem acima do PIB, puxados pela importação de bens de capital e por uma expressiva recuperação da construção civil.


No setor externo, consolidou-se a tendência, que vem do início deste ano, das importações crescerem mais (em volume) do que as exportações, o que tem um efeito de subtração no PIB. O consumo das famílias, o componente mais importante do PIB, continuou a expandir-se no ritmo moderado que já se mantém por três anos.


No terceiro trimestre, o destaque do PIB foi a agropecuária, que cresceu 7,8% em relação ao igual trimestre de 2005.


A indústria cresceu 3,2% no terceiro trimestre, comparado com o mesmo período de 2005. O melhor desempenho foi o da construção civil, que cresceu 5,5% e acumula 5% no ano. Na indústria da transformação, que teve um crescimento decepcionante de 2% na comparação com igual período de 2005, alguns dos melhores segmentos foram siderurgia, metalurgia, madeira, mobiliários e materiais elétricos. A indústria extrativa mineral cresceu 3,6%, uma recuperação ante a expansão de 1,5% no segundo trimestre, mas ainda longe do ritmo acima de 10% que prevaleceu nos quatro trimestres até março deste ano.


Os serviços cresceram 2,2% no terceiro trimestre, comparado com igual período do ano passado. O melhor desempenho ficou com o comércio – varejista e atacadista -, com 3,4%. O destaque negativo foi das comunicações, que tiveram retração de 0,7%, depois de já terem caído 3% no segundo trimestre. A causa básica é a queda da telefonia móvel, que ainda não é compensada pela expansão da telefonia celular.


Além dos dados do PIB do terceiro trimestre, o IBGE divulgou também uma pequena revisão no dado relativo ao PIB do segundo trimestre, ante o primeiro trimestre, de 0,5% divulgado anteriormente para 0,4%. Segundo os técnicos da instituição, a revisão reflete a introdução de novos dados na série com ajuste sazonal.


Lula: “Já não estou mais pensando em 2006”


Pedro Dias Leite

Da Agência Folhapress


Diante do crescimento econômico pífio de 0,5% no terceiro trimestre, ante o trimestre anterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que nem pensa mais no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. “O dado concreto é que já não estou mais pensando em 2006. Agora estou pensando em 2007, 2008, 2009 e 2010”, disse o presidente em entrevista em Abuja, capital da Nigéria.


Confrontado com a constatação de que não será atingido o crescimento de 4% que prometeu na maior parte do ano, Lula disse que vai “esperar o quarto trimestre para ver quanto vai ficar”. Ele ainda aposta numa expansão maior nos últimos três meses para salvar o ano. “Certamente o quatro trimestre pode crescer 1,5%, pode crescer um pouco mais”, disse.


Lula mais uma vez fez o discurso do crescimento. “Tenho de pensar para a frente, estamos tomando todas as medidas para que o Brasil tenha um crescimento mais vigoroso, que possa atender à necessidade de geração de empregos e da riqueza que nós precisamos”, disse. O governo ainda procura meios de incentivar o crescimento do país nos próximos anos, como o próprio Lula admitiu na semana passada, ao falar sobre o “destravamento” do país: “Não me pergunte o que é ainda, que eu não sei, e não me pergunte a solução, que eu não a tenho, mas vou encontrar, porque o país precisa crescer”, disse o presidente.


Os ministro Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) falaram que o crescimento da economia no terceiro trimestre foi decepcionante. Ambos reafirmaram a previsão de que o PIB deste ano crescerá 3,2%. “Foi decepcionante. Esperava maior. Infelizmente não houve crescimento robusto da indústria”, destacou Mantega. Para ele, a notícia boa entre os números divulgados pelo IBGE foi o aumento de 2,5% na taxa de investimento e a recuperação na agricultura.


AQUECIMENTO. “Este ano não vai ser muito brilhante em termos de crescimento. Vamos ter crescimento abaixo do que esperávamos, mas, em compensação, passaremos de 2006 para 2007 com a economia em aquecimento”, disse Mantega. Segundo ele, os dados mais recentes apontam para um crescimento mais forte do nível da atividade.


Para o ministro da Fazenda, a queda da Selic está aproximando a taxa de juros de patamares cada vez mais estimulantes para o crescimento e investimento. “O cenário é favorável para o futuro. O presente foi razoável, poderia ser melhor, mas teremos um futuro promissor.”


Para Bernardo, os números anunciados nesa quinta-feira “já estavam na conta” e o foco do governo, agora, é estimular o crescimento de 2007. “Estamos discutindo o que vai acontecer no ano que vem.”


Consumo tem a 13ª alta trimestral


Pedro Soares

Da Agência Folhapress


O crédito e a massa salarial em expansão asseguraram o crescimento ininterrupto do consumo das famílias por mais de três anos, apesar da desaceleração registrada no terceiro trimestre de 2006.


Segundo o IBGE, o consumo das famílias subiu 0,5% do segundo para o terceiro trimestre deste ano, já excluídos os efeitos sazonais. Essa foi a 13ª alta trimestral consecutiva – fato inédito na série histórica do PIB, iniciada em 1991. No segundo trimestre deste ano, porém, a expansão do consumo havia sido mais vigorosa -1%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2006, o consumo das famílias teve incremento de 3,4%, menos do que os 4% registrados no segundo trimestre.


Para Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, o aumento do emprego e do rendimento impulsionou a massa salarial – 4,6% no segundo trimestre -, um dos principais fatores que explicam o dinamismo do consumo das famílias, aliado ao avanço do crédito para pessoa jurídica (28,1% no trimestre).


O economista Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, cita outro fator: a ampliação dos programas de transferências de renda, focados especialmente no Nordeste. “O crescimento surpreendente do crédito, o aumento da renda e da ocupação e a expansão das transferências de renda explicam o bom desempenho do consumo das famílias, mesmo em períodos de solavanco do PIB”, disse ele.


Já Bráulio Borges, economista da LCA, afirmou que o resultado do consumo das famílias “foi um dos destaques negativos” do terceiro trimestre em razão da freada verificada na trajetória do indicador.


O economista disse ainda que os dados de consumo das famílias divergem dos divulgados pelo próprio IBGE sobre as vendas do comércio, que cresceram com força no terceiro trimestre. “A diferença é provocada por questões metodológicas, mas essa desaceleração do consumo das famílias não deve ser vista com muita preocupação”, afirmou Borges. No terceiro trimestre, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 6,16% na comparação com o mesmo período de 2005.


Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investments, também ressalta a discrepância em relação ao bom desempenho do varejo. Ela acredita, porém, numa aceleração do consumo no último trimestre do ano sob efeito da continuidade do crescimento da massa salarial e da redução dos juros.


Pelos dados do IBGE, o consumo do governo cresceu num ritmo mais lento do que o das famílias. A alta foi de apenas 0,1% na comparação com o segundo trimestre livre de influências sazonais. Em relação ao terceiro trimestre de 2005, a alta foi de 2%.


 

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