As vendas reais da indústria cresceram 10,74% em outubro, ante igual mês do ano passado, e 1,69% sobre setembro, descontados os efeitos sazonais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou as altas sinal de aceleração da atividade. O aumento de 10,74% é o maior desde novembro de 2004.
“Estamos observando certa intensificação da atividade e essa deve ser a característica dos últimos três meses do ano”, disse o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, ao divulgar os dados. Castelo Branco disse que o resultado de outubro surpreendeu positivamente.
As vendas reais da indústria cresceram 10,74% em outubro, ante igual mês do ano passado, e 1,69% sobre setembro, descontados os efeitos sazonais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou as altas sinal de aceleração da atividade. O aumento de 10,74% é o maior desde novembro de 2004.
“Estamos observando certa intensificação da atividade e essa deve ser a característica dos últimos três meses do ano”, disse o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, ao divulgar os dados. Castelo Branco disse que o resultado de outubro surpreendeu positivamente. A forte atividade industrial em outubro aponta vendas aquecidas no varejo no final do ano, enfatizou.
A geração de emprego no setor também aumentou, mantendo a tendência dos últimos meses, assim como as horas trabalhadas. Tanto as vendas reais quanto as horas trabalhadas registraram as maiores taxas de crescimento deste ano na comparação com o igual mês do ano passado.
No Ano
No acumulado de janeiro a outubro, a alta é de 1,43% em relação a igual período de 2005. As horas trabalhadas, indicador mais diretamente associado à produção, aumentaram 1,23% na comparação com setembro, e 6,02% em relação a outubro de 2005. No acumulado do ano, as horas trabalhadas na produção registraram alta de 1,77%.
“Se ao longo do ano o crescimento foi moderado, outubro mostra uma recuperação”, afirmou o economista da CNI Paulo Mol. “Os dados acabam sendo um bom indicador do que se espera para o final do ano, quando há um maior crescimento industrial. As vendas e a produção sinalizam que as encomendas que vieram do varejo foram boas e que devemos ter um quarto trimestre melhor que os anteriores”, disse.
Para Mol, a demanda de final de ano deve ser mais forte que em 2005. “O Natal deve ser melhor que o de 2005, mas nada que vá explodir”, avaliou. Ele atribui esse aquecimento à queda dos juros e ao aumento da renda das famílias.
Expectativa
Castelo Branco acredita, porém, que a recuperação da atividade industrial no quarto trimestre não deve ser suficiente para rever para cima a projeção da CNI de crescimento da economia de 2,9% em 2006. Para a CNI, as vendas da indústria em outubro são especialmente fortes porque a base de comparação é alta. As vendas já haviam crescido 1,79% em setembro, embora os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção industrial no mesmo mês tenham sido negativos.
Os números de outubro do IBGE, que serão divulgados hoje, também devem mostrar intensificação na atividade industrial neste final de ano, segundo Castelo Branco. A CNI mede as vendas, por meio do faturamento das empresas, e as horas trabalhadas na produção, enquanto o IBGE avalia a produção física. Também há uma diferença no método de dessazonalização.
O uso da capacidade instalada da indústria tem sido pouco afetado pelo aquecimento da atividade industrial. Segundo Castelo Branco, os números podem estar indicando a maturação de investimentos. O indicador manteve-se praticamente estável nos últimos seis meses, oscilando em torno de 82%. Em outubro, foi de 81,8% descontando os efeitos sazonais.
Castelo Branco disse que a folga no parque fabril dá uma maior segurança para que os empresários possam aumentar seus investimentos e garante que não haverá impacto na inflação em caso de aumento da demanda.
O número de empregos na indústria subiu 0,53% em outubro em relação a setembro, e 3,28% na comparação com outubro de 2005. No acumulado do ano, o emprego industrial apresentou uma expansão de 1,88% na comparação com o período de janeiro a outubro do ano passado.
CNI: medidas são positivas, mas insuficientes
O economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, avaliou ontem que as medidas até agora ventiladas pelo governo, dentro do pacote fiscal e tributário e de estímulo ao investimento, são positivas, mas insuficientes, “para dar um “plus” que mude o patamar da taxa de crescimento econômico do País”. Segundo afirmou, seriam pequenos avanços, mas que trariam ganhos também pequenos.
Castelo Branco disse ser necessário criar um ambiente político para fazer a reforma tributária. Sem ela, destacou, os pequenos ganhos que viriam com as medidas do pacote podem significar “continuar fazendo mais do mesmo”. Para o economista, a alta carga tributária e crescente aumento dos gastos públicos são os maiores obstáculos ao crescimento econômico. “O crescimento dos gastos correntes, a baixa capacidade de investimento público e algumas restrições de regulação, que limitam o investimento em infra-estrutura, são fatores que mantém a taxa de investimento baixo e o ritmo geral de crescimento da economia reduzida”, avaliou.
As altas taxas de juros no Brasil, até recentemente, eram apontadas pela CNI como as vilãs do crescimento. “O maior obstáculo ao crescimento tem sido o crescimento do gasto público e aumento da carga tributária. Em 2006 houve queda das taxas de juros e esse não é o nosso único problema”, justificou Castelo Branco. A taxa básica de juros (Selic) vem sendo reduzida pelo Banco Central desde setembro do ano passado. “A política monetária tem a sua importância. Mas o problema não é só a taxa de juros”, disse.
Segundo o economista, o spread bancário (margem de lucro dos bancos) não caiu mesmo com a queda dos juros e as medidas anunciadas pelo governo para estimular sua redução. Para Castelo Branco, o desempenho da economia neste ano reflete esse conjunto de restrições. “O crescimento no longo prazo depende de um nível de investimento mais alto”, afirmou. A CNI deve divulgar no dia 19 uma nova estimativa de crescimento da economia em 2006 e a projeção para 2007. Castelo Branco, no entanto, disse que a nova previsão para este ano deve girar em torno da atual, de 2,9%.