Desemprego aumenta no Brasil e cai na América latina, revela relatório da OIT

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O Brasil teve um decepcionante desempenho econômico neste ano, com reflexos importantes na situação do emprego, destoando inclusive do cenário da América Latina e Caribe, principalmente pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo da média regional. Houve aumento do desemprego urbano em seis regiões metropolitanas, de 10% (2005) para 10,2%, no período entre janeiro e setembro (2006).

O Brasil teve um decepcionante desempenho econômico neste ano, com reflexos importantes na situação do emprego, destoando inclusive do cenário da América Latina e Caribe, principalmente pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo da média regional. Houve aumento do desemprego urbano em seis regiões metropolitanas, de 10% (2005) para 10,2%, no período entre janeiro e setembro (2006). Esse é um dos principais indicadores do relatório Panorama Laboral 2006, divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). 


A diretora do escritório brasileiro da OIT, Laís Abramo, admitiu que o Brasil, cujo PIB deve crescer abaixo dos 3% neste ano, “está mal na foto da América Latina”, o que é um problema para a continuidade das melhorias no mercado de trabalho. Mas afirmou que o baixo crescimento do PIB, nos últimos anos, vem sendo acompanhado por avanços significativos de redução da pobreza e diminuição das desigualdades. 


A Agenda Hemisférica do Trabalho Decente, apresentada pela OIT em maio deste ano, define que a região tem de crescer 5% ao ano, por dez anos seguidos, para evitar o aumento do déficit de trabalho. O quadro esperado pela OIT para 2007 é de desaceleração do desempenho econômico mundial, influenciada pelo comportamento dos países desenvolvidos. Na América Latina e Caribe, espera-se que o PIB regional cresça 4,4%, contra os 5,1% deste ano. A expectativa da taxa de desemprego urbano regional é de 8,8%, contra 9% de 2006 e 9,3% de 2005. 


A OIT verificou que, neste ano, o emprego formal vem crescendo, e a renda média do trabalho também está melhorando no Brasil, o que indica a redução da informalidade. Isso, segundo a diretora, se explica pelas políticas redistributivas adotadas pelo governo. Mas para que isso se mantenha, o crescimento tem de ser maior. 


A diretora pondera que, no Brasil, o leve aumento no desemprego urbano pode ser chamado de “estabilização”. Por outro lado, melhoraram a ocupação e a formalização do emprego. Ela argumenta que a PNAD, referente a 2005, já tinha mostrado que a evolução do mercado de trabalho fez com que mais pessoas procurassem emprego. Daí o aumento relativo da taxa de desemprego. 


No grupo dos países da América Latina e Caribe, o Brasil se destacou, porque deu aumentos significativos ao salário mínimo, o que fez superar os níveis de 1980 e 1990. O Brasil ficou em segundo lugar, com reajuste de 13%. Em primeiro, vem o Uruguai (17,2%). Depois, aparecem Argentina (12,4%) e Venezuela (12,2%). 


Laís também ressalta que a taxa de desemprego dos jovens da região, apesar de ainda ser o dobro da média total, diminui num ritmo mais acentuado em 2006. Para eles, o desemprego caiu 0,5 ponto percentual, mas para o grupo dos jovens essa redução é de dois pontos percentuais. Para as mulheres, houve discreta evolução nos indicadores deste ano, com aumentos nas taxas de participação e ocupação. Apesar de alguma redução do desemprego, essa taxa continua 1,5 vez maior que a dos homens. 


Para a diretora da OIT, o relatório de 2006 repetiu boas notícias de 2005, mas a evolução é insuficiente para reverter os déficits de trabalho decente na região, o que significa 17,5 milhões de desempregados urbanos. Somando-se a esse grupo os subempregados e os pobres (ganham menos de US$ 2 por dia), conclui-se que 44,6% da população economicamente ativa precisa de trabalho decente e políticas redistributivas. “A América Latina continua sendo a região mais desigual do mundo”, diz. 


A desigualdade latino-americana pode ser demonstrada na análise das taxas de desemprego na região. Na comparação com a dos não-pobres, ela é 2,9 vezes maior para os pobres e 4,1 vezes mais alta para os indigentes. 

 

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