Produção industrial cresce 0,8%

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Outubro decepciona analistas; setores de bens de capital e intermediário não mostram reação. O índice da produção industrial ajustado sazonalmente cresceu 0,8% em outubro frente a setembro, fazendo com que o patamar volte a se aproximar do nível recorde atingido em agosto deste ano. Em relação a outubro de 2005, a produção teve alta de 4,8%, maior resultado desde março deste ano (5,3%). O acumulado de janeiro a outubro deste ano situou-se em 2,9%. O acumulado nos últimos 12 meses (2,7%) registrou aceleração frente aos resultados de setembro (2,3%) e de agosto (2,2%).

Outubro decepciona analistas; setores de bens de capital e intermediário não mostram reação. O índice da produção industrial ajustado sazonalmente cresceu 0,8% em outubro frente a setembro, fazendo com que o patamar volte a se aproximar do nível recorde atingido em agosto deste ano. Em relação a outubro de 2005, a produção teve alta de 4,8%, maior resultado desde março deste ano (5,3%). O acumulado de janeiro a outubro deste ano situou-se em 2,9%. O acumulado nos últimos 12 meses (2,7%) registrou aceleração frente aos resultados de setembro (2,3%) e de agosto (2,2%).


De acordo com a economista-chefe da Mellon Global Investment, Solange Srour, o resultado fraco de setembro, que inicialmente parecia pontual, pode não ser tão localizado assim. “O resultado da produção industrial em outubro decepcionou. Esperava alta mensal de 2,6% e anual de 5,6%. Como já era esperado, com o fim da greve na indústria automotiva a produção de bens de consumo duráveis foi retomada. Mas não houve recuperação em bens de capital e intermediários”, disse, Solange.


Já o economista-chefe do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Carlos Cavalcanti, prefere analisar o resultado de forma relativa. “Apesar do dado de outubro ter vindo abaixo do esperado, houve um crescimento de 0,8% após a queda de 1,1% de setembro ante agosto, segundo o número revisado do IBGE”, disse. Ele aposta na recuperação da produção industrial no final do ano.


O Ciesp estima expansão da produção entre 2,8% e 3,1% em 2006, enquanto Solange prevê crescimento de 3%, mas adverte que o número pode ser revisado para baixo. “Em novembro deve haver nova queda da produção industrial. Os números da Anfavea de novembro já vieram mais fracos do que o esperado.”


“Não obstante o resultado negativo da Anfavea, novembro deve ter uma produção industrial melhor, implicando em um 4 trimestre melhor que o 3, mas inferior ao último trimestre de 2005, quando tivemos resultados muito fortes em novembro e dezembro”, avaliou Cavalcanti.

De acordo com o IBGE, todas as categorias de uso apresentaram crescimento em relação a setembro, e a de bens de consumo duráveis (3,2%) alcança a taxa positiva mais elevada, após expressiva queda de 4,1% observada em setembro.


O setor de bens de consumo semiduráveis e de não duráveis (0,4%), que também aponta expansão, assinala a segunda taxa positiva consecutiva, avançando 0,6% entre outubro e agosto últimos. Já a produção de bens intermediários (–0,2%) e a de bens de capital (–1,6%) novamente registram recuo, acumulando nos últimos dois meses perdas de 2,3% e 2,7%, respectivamente.


A indústria automotiva foi o segmento que mais contribuiu para o crescimento da produção em outubro, com alta de 6,2%, frente a queda de 9% em setembro, por conta de greves. Aumentaram a produção outros produtos químicos (1,7%), farmacêutica (3,5%) e máquinas e equipamentos (1,8%).


Por outro lado, as principais contribuições negativas sobre a média global da indústria vieram de material eletrônico e equipamentos de comunicações (–10,3%), após crescimento de 15,9% em setembro, e refino de petróleo e produção de álcool (–3,7%), que assinala o seu quarto recuo consecutivo, período em que acumulou perda de 9,4%.


Para o economista do IBGE Silvio Sales, é natural o aumento da produção na abertura do último trimestre sustentado por bens de consumo. “Isso faz sentido com a demanda de fim de ano e sugere também que a indústria não está formando estoques, as vendas estão superiores à produção”, disse à Reuters.


O gerente do departamento de pesquisas econômicas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo, alerta sobre a concentração do crescimento da indústria.

“Temos crescimento baixo e concentrado em poucos setores: extração mineral, refino de petróleo e álcool, informática e aparelhos elétricos. Isso mostra que ainda não há sustentabilidade”, disse. A Fiesp prevê crescimento da produção industrial abaixo de 3% para 2006.


Baixo dinamismo crônico


Não importa para onde se olhe, curto, médio ou longo prazo. Em todos os casos, a constatação é a mesma: é muito baixo o dinamismo da indústria brasileira. Análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostra que, em 12 anos – de 1995 a 2006 (até outubro), em apenas dois, 2000 e 2004, “a performance industrial pode ser considerada satisfatória, com um crescimento anualizado, respectivamente, de 6,6% e 8,3%”.


Nos outros anos, diz o Iedi, “a evolução da produção da indústria ficou abaixo de 4% a.a., sendo que na maioria deles (oito) o crescimento não passou de 3%.


A indústria de transformação foi quem puxou o resultado para baixo, já que a extrativa cresceu entre 4% e 12% nesse mesmo período. Pesaram a favor dessa última os investimentos na área petrolífera e a grande expansão do segmento de ferro.


“De resto”, diz o Iedi, “o setor industrial brasileiro oscila com os ciclos de crédito capazes de dinamizar os setores de bens duráveis e com os curtos ciclos de investimento, que conferem breves surtos de expansão aos segmentos de bens de capital, enquanto setores da indústria de transformação amplos e disseminados pelo país – como os intensivos em trabalho – convivem com uma semi-estagnação, quando não com uma franca retração, como a enfrentada por vestuário, calçados e madeira.”


Ao final, o Iedi conclui que baixo dinamismo global e elevada concentração setorial é uma combinação que não favorece o desenvolvimento.




 

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