Maioria de emergentes vai crescer acima de 5% este ano, diz Bird

Compartilhe:

Os países em desenvolvimento vão ter um crescimento médio de 7% em 2006, uma das taxas mais altas da história. A previsão é do relatório ‘Perspectivas Econômicas Globais de 2007’, divulgado ontem pelo Banco Mundial (Bird). Em 2007 e 2008, o crescimento vai desacelerar, mas ainda ficará acima de 6% – o dobro do avanço do Produto Interno Bruto (PIB) dos países ricos, que é de 2,6% em média.

Os países em desenvolvimento vão ter um crescimento médio de 7% em 2006, uma das taxas mais altas da história. A previsão é do relatório ‘Perspectivas Econômicas Globais de 2007’, divulgado ontem pelo Banco Mundial (Bird). Em 2007 e 2008, o crescimento vai desacelerar, mas ainda ficará acima de 6% – o dobro do avanço do Produto Interno Bruto (PIB) dos países ricos, que é de 2,6% em média. De acordo com os economistas do banco, 75 entre 120 países emergentes vão crescer mais do que 5% em 2006 – coincidentemente, a meta de crescimento do governo brasileiro para o próximo ano.


‘Os países emergentes serão responsáveis por uma parcela cada vez maior do crescimento mundial’, diz François Bourguignon, economista-chefe do Banco Mundial. ‘Nos últimos três anos, a taxa de crescimento mundial foi 3%, e dois terços desses crescimento foi originado nos países em desenvolvimento.’


América Latina


O crescimento médio da América Latina acelerou e deve ficar em 5% em 2006. Mas a região continua na lanterninha dos países em desenvolvimento – tem o menor crescimento entre as regiões emergentes.


Parte do problema, segundo Bourguignon, é que a América Latina não conseguiu desenvolver seu setor industrial internacionalmente, como fez a Ásia.


‘A vantagem comparativa da América Latina está em recursos naturais, principalmente commodities agrícolas, que não tiveram um desempenho tão bom no mercado mundial, em parte por causa da falta de dinamismo da Rodada Doha’, disse Bourguignon ao Estado.


Além disso, as reformas estruturais estão avançando de forma bem mais lenta na América Latina, em comparação com outras regiões. ‘O alto nível de desigualdade paralisa a região e impede que se colham todos os benefícios da globalização.’


Juros


No Brasil, ‘o crescimento está sendo freado por causa das taxas de juros reais, que continuam acima de 10%, e a resultante taxa de câmbio valorizada, que restringe o crescimento das exportações’.


Segundo o relatório do Banco Mundial, o crescimento acelerado dos emergentes nos últimos cinco anos foi alimentado por taxas de juros baixíssimas e grande liquidez global, que elevaram os preços das commodities.


Com o aumento dos juros mundiais, esse crescimento econômico vai desacelerar. Mas a instituição aposta em um ‘pouso suave’ da economia americana, cujo crescimento do PIB passaria de 3% este ano para 2% em 2007. Com isso, não haveria grandes sobressaltos para os emergentes, já que o preço das commodities não deve ter uma queda acentuada.


Apesar de tensões na Argentina e na Venezuela, na América Latina hoje ‘o cenário é muito saudável’, diz o relatório. Segundo o banco, o crescimento da região é robusto, em termos históricos, a inflação está em um dígito e a maioria dos países acumulam superávit em conta corrente.


A queda dos preços das principais commodities da região, menor demanda dos Estados Unidos, limitações na capacidade e um retorno a taxas sustentáveis de crescimento em países como Venezuela e Argentina devem resultar em um avanço do PIB de 4% em 2008.


Pobreza


O crescimento generalizado dos países em desenvolvimento vai resultar numa redução significativa da pobreza. ‘O número de pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia pode cair de 1,1 bilhão hoje para 550 milhões em 2030. No entanto, regiões como a África vão ficar para trás’, diz Bourguignon.


Segundo estimativa do Bird, em 2030 cerca de 1,2 bilhão de pessoas de países em desenvolvimento (15% da população mundial) vão pertencer à chamada ‘classe média global’. Hoje essa população é de 400 milhões. Esse grupo terá um poder de compra anual de US$ 4 mil a US$ 17 mil per capita, o que aumentará muito o acesso a viagens internacionais, compra de automóveis e educação, entre outros itens.


Mas o banco alerta para os riscos – uma desaceleração além do esperado no mercado imobiliário americano poderia provocar uma aterrissagem forçada da economia mundial, com queda acentuada das commodities, por exemplo.


 


 

Leia mais

Rolar para cima