Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
A economia brasileira está parada, desde as décadas dos anos 80 e 90, por razões algumas vezes ligadas a crises externas, como aconteceu em 1980/83 e 1995/97, mas, na maioria das vezes, por incompetência do Governo, para dizer o mínimo publicável.
Nos últimos três anos, o crescimento econômico ficou igual ou abaixo da expansão demográfica, o que significa que o País estagnou e não saiu do lugar.
Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
A economia brasileira está parada, desde as décadas dos anos 80 e 90, por razões algumas vezes ligadas a crises externas, como aconteceu em 1980/83 e 1995/97, mas, na maioria das vezes, por incompetência do Governo, para dizer o mínimo publicável.
Nos últimos três anos, o crescimento econômico ficou igual ou abaixo da expansão demográfica, o que significa que o País estagnou e não saiu do lugar. Pior ainda, é o fato de que existem, atualmente, 10,5 milhões de trabalhadores desempregados e, dos que trabalham, a metade encontra-se na economia informal, sem carteira assinada, à margem de qualquer benefício da política de assistência social.
O desemprego é, sem dúvida, o pior problema que o atual Governo confronta. E o desemprego é o resultado da estagnação econômica. O nível atual de investimentos não é suficiente. E sem investimento não há geração de empregos.
O Governo sabe disto e está procurando minimizar o desemprego, através de medidas tópicas, como o programa Bolsa Família e outros. No Programa Plurianual, por exempo, o Governo listou 82 projetos prioritários, na Região Amazônica, que vão desde a abertura de estradas, até a implantação de hidroelétricas e Usinas de Gás. No setor rural, o Governo desenvolveu uma série de programas, principalmente financiamentos para a compra de insumos, de sementes selecionadas e máquinas agrícolas, cujo resultado foi a produção de uma safra agrícola recorde, 26,4% superior à safra do ano anterior.
Esses programas de investimentos estão seriamente ameaçados por militantes ambientalistas, que não conseguem entender que no “desenvolvimento sustentável”, o desenvolvimento tem que estar presente. Não é admissível colocar o “carro diante dos bois”, condicionando os projetos de investimento, geradores de emprego, a um excesso de formalidades, que amedrontam e afastam os investidores. O desemprego pode ser visto como um fator de poluição social. É preciso delinear toda a política econômica com o sentido de combater o desemprego, de gerar renda, de promover a estabilidade social através da criação de oportunidades de trabalho. É lógico que a preservação do meio ambiente é importante, muito importante e, por isso, tem que ser prioridade. Mas há meios de realizar esse objetivo, sem sacrificar o trabalhador e sua família.
Nos dois casos aqui citados, está ocorrendo o absurdo de termos os projetos econômicos da Amazônia suspensos, porque os ambientalistas, agora assentados no Ministério do Meio Ambiente, consideram que vão ter que cortar algumas árvores e isso não é admissível. Ora, há programas de reflorestamento baseados na melhor tecnologia e recursos disponíveis. Por que não começar por aí, ao invés de, simplesmente, embargar os projetos que irão beneficiar pelo menos 20 milhões de habitantes da Amazônia?
O segundo caso mencionado é, igualmente patético. O Brasil, através das pesquisas da Embrapa, descobriu que pode multiplicar a produção agrícola, abastecer a mesa dos brasileiros com gêneros da primeira necessidade, a custos baixos, e ainda exportar bilhões de dólares para a China, a Europa e outros mercados internacionais. Nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, na China, as culturas de plantas transgênicas, especialmente, soja, milho e algodão estão ganhando total prioridade, face ao aumento da produtividade e redução dos custos de produção. Depois da “Revolução Verde”, chegou a “Revolução dos Transgênicos”, capaz de mudar a geografia da fome no mundo subdesenvolvido.
A Embrapa, inclusive através de convênios assinados com a MONSANTO, está, hoje, na vanguarda dessa tecnologia de ponta. Atualmente, existem 24 programas desenvolvidos pela Embrapa, nessa área, que vão do mamão resistente aos fungos, até a soja resistente aos agrotóxicos. Existem sementes produzidas na Embrapa capazes de tornar a soja resistente ao uso de agrotóxicos e, portanto, protege-la de insetos ou de plantas daninhas, como há sementes transformadas para resistir à inclemência do tempo, à pobreza do solo ou da seca.
Acontece que, segundo o Diretor da Embrapa, Dr. Luiz Antonio Barreto de Castro, essas pesquisas científicas não conseguem passar do laboratório para o campo, porque há uma rede de interesses ambientalistas que não deixa isso acontecer. Uma hora são as ONGs ou os técnicos do IBAMA que impedem, outra hora são as liminares do Judiciário. Há um atraso cultural impressionante nessa área, acobertado pelo chamado “princípio da precaução”, que consiste em transferir o ônus da prova para quem planta, mesmo sabendo-se que não há qualquer evidência científica contra os alimentos transgênicos (OGM). Há poucos dias, estavam parados nas estradas de Mato Grosso 400 caminhões carregados de soja, que não conseguiam entrar no Porto de Paranaguá, para exportação, porque um Governador de Estado comparou a soja à maconha…
Grandes empresas dos Estados Unidos estão preocupadas com o avanço da soja brasileira, cuja exportação já ultrapassou à da América. É importante começar a averiguar o que está por trás de toda essa ofensiva ambientalista, com vistas à proteção dos reais interesses brasileiros.
Publicado na A Gazeta de 03/12/2003, Caderno Opinião, pág. 5.