O caminho da mediocridade (Jornal do Commercio, 02/02/2006)

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Antonio Oliveira Santos

Presidente da Confederação Nacional do Comércio


Parece uma contradição, mas nada tem de contraditório, o fato de cair o PIB 1,2%, no 3º trimestre do ano passado, ao mesmo tempo em que se registrou o aumento constante das exportações, o motor do crescimento econômico. Não fosse pelo aumento das exportações, em uma conjuntura internacional favorável, e a economia brasileira certamente estaria em péssimas condições. Em 2003 e 2004, o comércio mundial cresceu 40,8% e as exportações brasileiras 60%.


Acontece que nem tudo são exportações.

Antonio Oliveira Santos

Presidente da Confederação Nacional do Comércio


Parece uma contradição, mas nada tem de contraditório, o fato de cair o PIB 1,2%, no 3º trimestre do ano passado, ao mesmo tempo em que se registrou o aumento constante das exportações, o motor do crescimento econômico. Não fosse pelo aumento das exportações, em uma conjuntura internacional favorável, e a economia brasileira certamente estaria em péssimas condições. Em 2003 e 2004, o comércio mundial cresceu 40,8% e as exportações brasileiras 60%.


Acontece que nem tudo são exportações. Se a exportação, na conjuntura atual, é o maior propulsor do PIB, do lado contrário, estão os fatores negativos, a começar pela insuportável carga tributária. Já vimos repetindo há vários anos, que a economia brasileira jamais voltará a ter um crescimento sustentável, às taxas históricas tradicionais (entre 7% e 8%), enquanto tivermos uma carga tributária acima de 25% a 30%, caminhando para 40% do PIB.


É por isso que há, no Brasil, essa dualidade, entre o grande setor exportador, que vai bem, no melhor dos mundos, e as pequenas e médias empresas, no mercado interno, que não conseguem crescer. As grandes empresas do setor exportador – minerais, combustíveis, celulose e papel,  produtos siderúrgicos e muitas outras – pagam um mínimo de impostos, têm taxas de juros internacionais, sofrem um menor peso da burocracia e não estão tão expostas à corrupção que grassa na economia informal, no contrabando, na sonegação obrigatória.


Em alguns momentos, favorecida pela ocorrência positiva de alguns eventos externos, a economia dá um salto, um “vôo de galinha”, cresce durante um ou dois anos, para logo voltar à estagnação. Nos últimos 25 anos, a taxa média anual de crescimento econômico mal chega a 2,0%.  A economia brasileira cresce, atualmente, a metade do que crescem os países emergentes, como a Coréia e outros países asiáticos, países do Leste Europeu, o México, o Chile e outros. A economia nacional não tem forças suficientes para carregar um Estado do tamanho de 40% do PIB. Ainda mais um Estado ineficiente, que gasta mal, não cuida da infraestrutura, que convive com o desperdício e o desvio de finalidades, pela má utilização da brutal carga tributária que impõe sobre o setor privado.A economia brasileira vem trilhando o caminho da mediocridade e vem se afastando, cada vez mais, do destino de grandeza que desejamos para o Brasil.


Publicado no Jornal do Commercio de 02/02/2006, Caderno Opinião, pág. A-17

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