Mais planejamento, menos intuição
Apesar do incrível salto tecnológico experimentado nas últimas décadas, que torna acessíveis quantidades assombrosas de informações e dados, ainda não é possível prever o futuro com uma margem de certeza capaz de apaziguar a ansiedade de governos e empresas.
Mais planejamento, menos intuição
Apesar do incrível salto tecnológico experimentado nas últimas décadas, que torna acessíveis quantidades assombrosas de informações e dados, ainda não é possível prever o futuro com uma margem de certeza capaz de apaziguar a ansiedade de governos e empresas.
A ciência do Big Data tem muitos frutos a dar, mas os processos de decisão terão sempre um componente de risco, que exigirá certa capacidade intuitiva – a qualidade capaz de ler e costurar variáveis nem sempre passíveis de ser expressas de forma estatística.
O desejo de ter uma razoável certeza sobre o que nos reserva o futuro é especialmente forte quando precisamos planejar. A questão é saber até que ponto precisamos lançar mão da intuição e da sorte para sobreviver.
Fiquemos no universo empresarial. Se o proprietário de um negócio – digamos uma loja de sapatos – está na Suíça, não terá maiores dificuldades para traçar os rumos de sua empresa em 2015. Provavelmente, seus olhos já estarão postos em 2020 ou 2030. Os riscos decorrentes de uma decisão intempestiva do governo, por exemplo – ou de uma não decisão –, existem, mas precisaríamos procurar mais para identificar o que poderia tirar o sono desse empresário sob o ponto de vista da previsibilidade do ambiente de negócios.
No Brasil, não há dúvida de que evoluímos muito na segurança jurídica e institucional. É preciso reconhecer também que pelo menos há consenso sobre o quão importante é para a economia garantir aos agentes um ambiente de negócios se não previsível, pelo menos estável o suficiente para evitar a sensação de montanha russa que, até um passado não muito remoto, marcou gerações inteiras de empreendedores brasileiros.
Reconhecer os avanços, no entanto, não significa que a tarefa esteja terminada. Longe disso, há muito a fazer. Empresários e líderes do comércio de bens, serviços e turismo nos dão, na matéria de capa desta edição, algumas referências nesse sentido, com sugestões de medidas que poderiam transformar 2015 no primeiro ano de um longo ciclo de prosperidade e crescimento da economia brasileira. Uma visão de futuro afirmativa, que esteve presente também na elaboração do novo Código de Processo Civil, tema de um oportuno seminário realizado pela CNC, no qual esteve presente, entre outras importantes personalidades, o ministro do STF Luiz Fux.
Contribuições para um país mais sólido, eficiente, ágil, previsível, mais adequado para aqueles que precisam planejar e menos dependente de dotes intuitivos.
Boa leitura!