Atual secretário de Estado da Cultura e Turismo do Tocantins (Sectur), Hercy Filho é natural de Dianópolis e acumula vasta experiência na gestão pública. Foi chefe de Gabinete no Ministério do Turismo (MTur), na Embratur e na Secretaria Nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do Mtur. No Tocantins, foi presidente da Junta Comercial e prefeito de Dianópolis. Ele avalia as oportunidades do turismo no Estado e como a Secretaria, criada este ano, pode fortalecer a cadeia turística e os destinos.
O Turismo foi um dos setores mais impactados durante a pandemia. No Tocantins, qual é o panorama pós-pandemia, os impactos negativos já foram superados?
O Turismo, assim como a Cultura e outras áreas, foram muito afetados pela pandemia. Ambos os setores enfrentam diversas dificuldades, afinal de contas, o transporte aéreo, os eventos, os hotéis, todos foram forçados a parar as suas atuações. Então houve sim um impacto negativo, mas como o turismo é uma indústria forte, pujante e sustentável, já agora em 2022, alcançamos os índices de 2019, de fluxo aéreo, de ocupação hoteleira e outros diversos índices que estão em ascensão. Qual a vantagem do Tocantins para ter conseguido sair mais rápido da crise que os outros destinos? Porque nós temos um Turismo de natureza. Isso é o que vai favorecer nesse novo normal que vamos viver, quanto mais aberto, quanto mais contato direto com a natureza sem existirem tantas aglomerações será a pauta da priorização dos turistas do Brasil e do mundo. Nós não temos dúvidas que o Tocantins terá um crescimento vertiginoso no turismo de 2022 em diante.
Ainda falando sobre cenário econômico do setor, qual a projeção de crescimento para os próximos anos?
Como disse anteriormente, os níveis de ocupação dos hotéis já atingem os mesmos índices de 2019 que é o ano base que nós consideramos. 2020 e 2021 foram anos muito difíceis, mas em 2022 há uma ocupação hoteleira geral. Eu vivi uma situação na minha cidade natal, Dianópolis, que está entre as 10 maiores do estado, de chegar numa segunda-feira e não ter vaga nos hotéis. Em uma cidade vizinha da mesma forma. Em Almas também em função de estar com a ocupação já em 100%. Então você vê os aviões, você vê a rodoviária, os ônibus, você vê nas estradas um fluxo normal de pessoas, então, a atividade turística é a retomada do desenvolvimento do Brasil.
As empresas de turismo e hospitalidade tiveram crescimento nos últimos anos?
Não tenho dúvidas, o pico do crescimento do Turismo será em 2023 porque, falando em uma linguagem popular, nós vivemos em uma certa ressaca de 2021 que impactou nesse ano de 2022. Lá no início do ano as pessoas ainda precisavam tomar as vacinas para estarem realmente imunizadas, e principalmente, para se sentirem seguras para viajar. Então o crescimento do turismo no Tocantins, vai ser maior que no Brasil, a partir de 2023.
O Tocantins tem se destacado no cenário nacional, principalmente pelo Jalapão. Mas sabemos que existem vários outros destinos turísticos. Quais os próximos passos para a promoção do Turismo no estado?
Nós temos uma vantagem muito grande em relação a qualquer estado brasileiro. O Jalapão é o nosso ícone, a nossa âncora, e vai continuar sendo. Lá é o local que atrai o maior índice de turistas nacionais e internacionais para o Tocantins. Mas Palmas também tem potencialidade. Ao todo no Tocantins há sete regiões turísticas. Temos o rio Araguaia no Cantão, a Ilha do Bananal, que em setembro recebeu uma promoção espontânea com a passagem do Rally dos Sertões pela ilha. Já temos informações de agências operadoras informando que a procura pela Ilha do Bananal triplicou com a passagem do Rally. Nós temos a rica região das Serras Gerais, com serras, cavernas, cachoeiras e praias de água doce. Eu não tenho dúvida, anotem aí, daqui a 5 anos Serras Gerais estará no nível da Chapada dos Veadeiros.
A criação da Secretária de Turismo e Cultura melhorou a gestão para o setor no estado?
Posso dizer que a criação da secretaria está trazendo melhores resultados. Com muita determinação, nós estamos trabalhando em parceria com o trade, com os parceiros públicos e privados, com o Conselho e com o Fórum Estadual de Turismo, para que a muitas mãos possamos pegar essa jóia rara que é o Tocantins e fazer dele um atrativo com a condição de duplicar ou triplicar nos próximos anos o fluxo turístico para o estado.
O Sistema Fecomércio tem sido um grande parceiro de iniciativas que contribuem com o trade turístico. Na sua avaliação, o trabalho desenvolvido pelo Sistema S de modo geral tem contribuído para o fomento deste setor?
Essa parceria é importantíssima. O Sistema S possui diversos cases de sucesso que podemos tirar proveito, um exemplo claro está na área de qualificação. Nós vamos qualificar o setor, por meio de uma parceria com o Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado, onde o Sistema Fecomércio receberá recursos do tesouro estadual para que nós possamos qualificar por meio do Senac. Cada um com a sua expertise e característica é possível instruir os guias, setor hoteleiro, as agências, enfim, instruir a todos do trade. Afinal nós já temos o que é mais importante que são os destinos e agora precisamos qualificar as pessoas para receber. E nisso o Sistema S é fundamental. Nós queremos aumentar essa parceria e promover o Turismo juntamente com todo o setor.
O Tocantins tem recebido grandes eventos, dentre eles, o Sertões 2022. Qual é o impacto desses eventos para a econômica estadual?
Altamente positivo. São impactos verdadeiramente importantes que com pouco recurso você consegue divulgar o estado para milhões de pessoas no mundo. Para 2023, teremos eventos na magnitude nacional para acontecer na capital, Palmas. Será um evento expressivo que deixo como spoiler, sem dizer efetivamente do que se trata, mas, com certeza, será um dos grandes eventos que nós teremos aqui no Tocantins. Para que possamos incrementar, fomentar e incentivar a economia turística do estado. O calendário de 2023 já está sendo construído, pensando nas praias, nas festas tradicionais, nas exposições agropecuárias, festivais gastronômicos e tudo mais, para fazermos do turismo uma mola propulsora do desenvolvimento do estado.