Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc Brasil)
Eventos e turismo sempre andaram de mãos dadas, no crescimento ou no caos. A proximidade das atividades pode ser considerada indissociável. Um bom evento precisa de equipamentos de qualidade para abrigar o evento em si, hospedar participantes, movimentar os pontos turísticos das cidades e regiões envolvidas e fazer crescer o setor de serviços. Do outro lado, o Turismo precisa dos eventos como importantes atrativos e geradores de negócios,independentes da sazonalidade.
O dia 13 de março de 2020 marcou a ruptura no crescimento que o setor de eventos projetava para 2020. Naquela época, de acordo com pesquisa divulgada pela Abeoc Brasil, 73% das empresas esperavam obter maior faturamento em 2020. Em média, elas esperavam que esse crescimento fosse de aproximadamente 6% na receita. Com relação à contratação de funcionários, os dados indicavam que 44% das empresas esperavam aumentar suas equipes. Em contrapartida, esperava-se que 49% das empresas mantivessem o número de funcionários.
Entre as estratégias mencionadas pelas empresas para se tornarem mais competitivas, “promover a inovação” se destacava ao ser mencionada por 56% delas. Em seguida, “estabelecer parcerias”, com 55%; “investir em mais tecnologias”, com 54%; “aumentar a produtividade”, com 49%; e “investir em comunicação digital”, com 48%. Planos interrompidos por uma paralisação de 100% e que, no vaivém das ondas setoriais decretadas pelos governos estaduais e municipais, se estende trazendo desespero, desemprego e novos desafios. O primeiro deles é resistir para recomeçar.
O turismo nacional não perdeu menos. Foram mais de R$ 55 bilhões em faturamento em 2020, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Um estrago de 33% em relação a 2019. Todos os segmentos envolvidos sofreram o impacto, a começar pela aviação, que chegou a cair 95%, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Alimentação e alojamento faturaram 36% menos que em 2019. Os setores turísticos que mais sofreram foram as atividades culturais, recreativas e esportivas, que viram o faturamento cair 27,6%; as empresas de transporte terrestre, com 12,9%; e as locadoras de veículos e agências de viagens, que registraram queda de 12,1%.
A retração causada pela Covid-19 assolou vidas e a economia como um todo. Desde o princípio, entidades como a Abeoc Brasil e outras ligadas aos eventos e ao turismo estão imbuídas em conquistar, junto às diversas esferas do Poder Público, medidas que venham a socorrer empresas, trabalhadores e suas famílias. Está irremediavelmente claro que saúde e economia não são estranhas entre si, mas dependentes e base para a construção de uma sociedade, se não igualitária, mais justa.
Nos últimos 12 meses, foram diversas as conquistas, pleitos econômicos, trabalhistas e sociais atendidos, além de definições no âmbito comercial, como a Medida Provisória (MP) nº 948. Assim, aos trancos e barrancos, a indústria de Eventos tenta se manter viva até que seja possível retomar atividades ou, então, que os dirigentes do País visualizem o setor como um dos mais seguros para fazer a economia voltar a girar e, claro, como elo de uma grande corrente, o Turismo também voltar a crescer.
Feiras e congressos estão prontos para essa volta. Preparamos protocolos sanitários que, com o aval de corpo clínico do Hospital das Clínicas de São Paulo, vêm se juntar às dezenas de outras normas de segurança e higiene que sempre seguimos como forma de salvaguardar equipes, parceiros e público. Ao nosso lado, hotéis, centros de convenções e pousadas também estão a postos. O selo do Turismo Seguro garante essa propriedade.
Falta-nos agora, principalmente, vacinação em massa da população e entendimento de que o Brasil é um destino turístico por natureza, e que esta é a sua força. Neste contexto, os eventos em geral, especialmente congressos e feiras de negócios, têm papel incontestável no alavancar da rede hoteleira, A&B, transporte aéreo e comércio.
A retomada será gradativa e precisará de planejamento. O mesmo planejamento que cada grande evento exige, e a cumplicidade e a integração entre os setores serão primordiais para acelerar esse processo. Estamos mais unidos do que nunca, na luta, nas conquistas e, em breve, nas vitórias.
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