Sustentabilidade e governaça em destinos turísticos inteligentes

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CEO na GKS Inteligência Territorial

O processo de amadurecimento da visão global como possível de ser “sustentável” (enquanto adjetivo selecionado ainda na década de 1970 para qualificar o que poderia ser um desejável porvir para as sociedades humanas) e dos princípios de “desenvolvimento sustentável” (habilitação na década de 80 para o ideal de desenvolvimento) passou por inúmeros marcos e indicadores ao longo dos últimos 30 anos, como a Cúpula ECO 92, Rio + 10 e +20; a criação da agenda 21 e da Comissão de Desenvolvimento Sustentável na ONU; e a proposição dos Objetivos do Milênio (ODM) da ONU, convocando governos, sociedade civil e empresas a se mobilizarem e refletirem sobre o tema.O caminho continua avançando progredindo, com a publicação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2015-2030 e de vários documentos referenciais pelo mundo todo.

Nos anos recentes, o conceito de sustentabilidade ganhou enorme popularidade, quase afetando a sua própria credibilidade, já que hoje em dia o termo é, muitas vezes, utilizado sem critério em campanhas de marketing de todo o tipo de negócio. No mundo do turismo, a importância da sustentabilidade tem um efeito ainda maior, pois, além de impactar as práticas empresariais, acaba gerando uma enorme influência na experiência vivenciada pelos turistas e não cotidiano das comunidades receptoras.

Isso gera duas grandes e oportunidades importantes: por um lado, cria / fortalece um ambiente de negócios para as empresas disporem de sentido e incorporar a essência desse movimento em seus produtos e serviços; e por outro, sinaliza uma importante mudança de hábitos dos consumidores e por outro, sinaliza uma importante mudança de hábitos consumidores, capazes de entender e priorizar em suas compras itens que atendam às suas necessidades e que as conectem com um conceito que as façam se sentir mais responsáveis.

O fato é que estamos vivendo em uma fase da história de intensa transformação e mudanças, que demandam respostas inteligentes, ágeis e inovadoras. Há poucos anos, quem diria que um dos maiores veículos para viagens seria uma rede social de fotos? Que um dos principais jogadores da área de hospedagem mundial não seria proprietário de nenhum quarto de hotel? Que o celular seria um complemento essencial para chegar um destino turístico, escolher as melhores unidades e equipamentos e ter acesso a informações atualizadas?

É fundamental que o setor de Turismo perceba uma mudança pela qual o mundo está passando, reconhecendo também que este é um caminho irreversível e que se manifestará cada vez mais rápido. A comunicação mudou. Os empregos mudaram. As competências necessárias mudaram. O acesso à informação mudou. A integração e disponibilização de informações nos destinos turísticos é uma obrigação. O padrão de exigência está sendo elevado.

Tudo isso fervilha numa equação complexa, que sustenta o esforço pelo desenvolvimento de um importante setor da economia, capaz de contribuir para a geração de trabalho e renda, a inclusão social, a valorização da cultura, a conservação ambiental.

Esse cenário, para além de ser debatido nas universidades e pelos empresários, precisa ser incorporada com mais ênfase e forma mais estruturada pelos responsáveis ​​por conduzir os processos de planejamento e gestão estratégica da oferta do turismo, mas que, muitas vezes, ignoram a visão integrada e contemporânea de destino turístico inteligente e ainda usa metodologias e ferramentas estudadas em experiências das décadas de 1990 e 2000.

Nesse contexto, o desafio para o desenvolvimento do turismo de forma sustentável e inteligente no Brasil concentra-se, em boa parte, na capacidade de estruturação de sistemas de governança formados por gestores públicos, empresários, empreendedores e representantes da sociedade civil que priorizam a atividade turística como eixo estratégico para o desenvolvimento socioeconômico, e que sejam capazes de planejar e gerenciar caminhos integrados da atividade.

Uma política pública bem estruturada e um sistema de governança adequado representam a possibilidade de valorizar decisões baseadas nos critérios técnicos e com a contribuição das diversas partes, estimulando os pontos de conexão entre turismo e desenvolvimento sustentável. Intervir positiva e comum na realidade do turismo brasileiro, incentivando processos, definindo prioridades e racionalizando investimentos é mais do que uma agenda positiva. É uma obrigação de todos.

Assim, a discussão já não é mais se os destinos turísticos têm ou não que sejam sustentáveis ​​e inteligentes, mas sim como fazer com que as boas práticas ganhem escala e se transformem no padrão do setor.

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