Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio
Sem qualquer dúvida, os primeiros 100 dias do Governo Lula foram positivos.
Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio
Sem qualquer dúvida, os primeiros 100 dias do Governo Lula foram positivos. As afirmações do presidente, a atuação política de José Dirceu, a coragem ortodoxa de Antonio Palocci, a moderação de Guido Mantega, a competência de Roberto Rodrigo e Luiz Fernando Furlan, o equilíbrio de Marcio Thomaz Bastos são garantias de que o Governo parece ter força e sabedoria suficientes para superar as bravatas da esquerda radical e manter um diálogo positivo com os empresários e os trabalhadores, para assegurar o clima de otimismo e esperança que prevalece no mercado, apesar das dificuldades da economia nacional e das incertezas internacionais.
O Governo está perdendo ou ganhando tempo com as chamadas reformas de base? Certamente está ganhando tempo, na expectativa de que se consolide o suporte político no Congresso, amainem as reivindicações dos governadores e clareiem os horizontes da recessão econômica mundial e os temores da guerra do Iraque. O País está vivendo um clima de otimismo, que pode ser exagerado, em função dos sérios problemas com que se confronta o Governo, como acentua o próprio presidente Lula. Por isso mesmo, será uma ingenuidade pensar que a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal vai dar mais eficiência à atuação do Banco Central ou que as reformas tributária e previdenciária, nos termos em que estão propostas, reduzirão o desemprego e assegurarão o crescimento econômico.
Há forças muito poderosas operando contra a economia nacional, cinco delas de crucial relevância: as elevadas taxas de juros, a insuportável carga tributária, a massacrante burocracia, a persistente corrupção e a intolerável violência. Essas forças tolhem a propensão dos empresários para investir, a eficiência das empresas exportadoras para competir nos mercados internacionais e as oportunidades para criação de novos empregos. Cem dias não são suficientes para equacionar ou dar solução a esses problemas. Mas, sem dúvida, eles deverão concentrar as atenções do Governo, como objetivos de médio e longo prazo. Sem que esses objetivos sejam seriamente perseguidos, não haverá soluções duradouras para os programas de saúde, de educação e outros, que poderiam levar à redução da pobreza e à melhoria na distribuição da renda e da efetiva justiça social.
É evidente que todos esses problemas estão intimamente relacionados, como é o caso da carga tributária que poderá ser sensivelmente reduzida, na medida em que o Governo, combatendo a burocracia, cortar despesas e reduzir os quadros da Administração Federal.
Todas as ações do Governo, na conjuntura atual, deveriam convergir para reduzir o desemprego, como prioridade número um. E não esquecer que quem gera empregos para a mão-de-obra nacional são os investimentos realizados pelos empresários, sem os tropeços da burocracia oficial.
Estas observações são válidas tanto para os 100 dias como para os quatro anos.
Publicado no Jornal do Commercio de 13/04/2003. Caderno Especial Fome Zero.