Os banqueiros internacionais já vivem a expectativa do que será anunciado em termos de políticas macroeconômicas pelo próximo governo brasileiro, seja em um novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja com a entrada de um novo governante.
Ao contrário do que ocorreu nas eleições em 2002, os xerifes das instituições financeiras não estão preocupados com o que há quatro anos se chamou de ‘Efeito Lula’ nem com eventuais turbulências antes das eleições.
Os banqueiros internacionais já vivem a expectativa do que será anunciado em termos de políticas macroeconômicas pelo próximo governo brasileiro, seja em um novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja com a entrada de um novo governante.
Ao contrário do que ocorreu nas eleições em 2002, os xerifes das instituições financeiras não estão preocupados com o que há quatro anos se chamou de ‘Efeito Lula’ nem com eventuais turbulências antes das eleições. Mas não escondem que querem saber se, em caso de vitória de Lula, o presidente cederá às pressões internas e afrouxará a linha adotada nas políticas monetária e fiscal.
Fontes revelam que a própria cúpula do Banco Central (BC) reconhece que qualquer novidade em relação ao tratamento recebido pelo País pelo mercado, como a queda do risco Brasil, ocorrerá após o pleito. “Eleições sempre trazem um elemento de risco. No caso do Brasil, a questão é apenas saber o que ocorrerá depois, já que o processo de mudança de governo já não representa qualquer ameaça ao sistema”, disse um diretor de um banco americano, que desde sábado participa de reuniões no Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basiléia, na Suíça.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi um dos convidados ao encontro, que debate os cenários da economia mundial. Ele confirmou que existe uma cobrança pela manutenção das políticas macroeconômicas por parte dos banqueiros internacionais. “É muito importante na visão de todos aqui que sejam mantidas as políticas monetária e cambial, que estão dando certo”, disse.
Segundo a cúpula do BC, um dos efeitos desse compasso de espera em que se encontra o mercado é que uma queda ainda maior no risco País dificilmente ocorreria antes de uma definição do rumo econômico que o Brasil adotará ou anúncios sobre os planos para 2007.
Um representante do Banco Central do México explicou ao Estado que o mercado internacional está entendendo que a situação entre 2002 e hoje é diferente. “O Brasil não é mais um elemento de preocupação por causa das eleições nas reuniões internacionais”, afirmou. “O que todos querem, porém, é que essa tranqüilidade permaneça e, por isso, estarão acompanhando atentamente o que ocorrerá no ano que vem no Brasil.”
Entre alguns banqueiros, a realidade é que a eleição virou um “não- evento” para o mercado financeiro. Pelo raciocínio dos investidores, a eleição deixou de ser um risco porque o governo não precisará tomar medidas populistas, já que conta com uma vantagem nas pesquisas de opinião. Os banqueiros, portanto, não estariam esperando nenhuma “maluquice econômica” nem de Lula e nem de Alckmin.
O que vários questionam é se em um segundo mandato, Lula deixaria de adotar uma política monetária e fiscal tão rígida. Segundo representantes de BCs sul-americanos, Meirelles vem deixando claro que essa mudança não deve ocorrer. Mas certos analistas na Basiléia preferem esperar para ver.
Um representante de uma instituição financeira americana não acredita que Lula, caso ganhe novo mandato, seja pressionado internam6ente por mudanças em sua política macroeconômica mais do que já vem sendo nos últimos anos. “A pressão deverá ser igual”, concorda um representante de um banco central. “O que todos estão atentos é se, em um segundo mandato, Lula vai resistir e reagir da mesma forma que fez nos últimos anos a essas pressões.”
Para fontes próximas ao BC, uma mudança de rumo poderia causar um choque negativo para a economia. Segundo eles, os investidores apostam na manutenção das políticas e, se isso não ocorrer, a reação tende a ser forte. Um experiente representante de um BC europeu sugere que o Brasil mantenha a política econômica independentemente do presidente a ser eleito.