O Brasil é um dos três países relativamente mais abertos em termos de comércio num grupo de nove emergentes, selecionados em levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A tarifa média de importação aplicada pelo país é de 10,8%, a baixo da média de 15,1% do grupo.
O Brasil é um dos três países relativamente mais abertos em termos de comércio num grupo de nove emergentes, selecionados em levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A tarifa média de importação aplicada pelo país é de 10,8%, a baixo da média de 15,1% do grupo. Os dados também refletem a diferença com relação ao grau de abertura da Índia, cuja tarifa de importação média é de 29,9%, quase o triplo da brasileira.
A comparação levou em conta países em desenvolvimento “relevantes em termos de expressão econômica” e também inclui China, Coréia, México, Rússia, Tailândia, Venezuela e Vietnã. As duas menores tarifas médias aplicadas são das economias russa (9,8%) e chinesa (10,4%). Apesar de estar na terceira colocação no grupo, o Brasil tem uma tarifa média superior à dos Estados Unidos e União Européia, que não ultrapassam os 5%.
Coréia
A gerente-executiva da Unidade de Negociações Internacionais da CNI, Soraya Rosar, comenta que o país é um dos mais abertos dentre os emergentes. Mas reconhece que o fato de o Brasil estar abaixo da média dos países em desenvolvimento não significa que o país é “superaberto”, pelo fato de que há outros “bem mais fechados que a gente”. Levando em conta apenas a tarifa média industrial, a Coréia tem a tarifa média aplicada menor, de 7,4%.
Na comparação, chama a atenção as diferenças entre Brasil e Índia, países que se reunirão hoje em Brasília, para um entendimento bilateral. “Na realidade, Brasil e Índia têm trabalhado em conjunto (na Rodada de Doha), mas têm posições que não são comuns. O interessante é que apesar disso os dois países tenham conseguido pontos comuns para trabalhar juntos no G-20 (grupo de emergentes fortes em agricultura). O bonito do grupo está aí”, disse Soraya.
O Brasil tem uma postura mais agressiva em termos de produtos agrícolas, até mesmo com relação ao seu próprio mercado. “Até porque sabemos que somos muito competitivos nesse setor”, diz a especialista. Mas é defensivo nas negociações sobre o setor de serviços, área em que a Índia desponta e indica sinal mais claro de avanço. Já com relação à agricultura, os indianos são muito mais cautelosos.
De maneira geral, a Índia tem pelo menos 600 milhões de pessoas em atividades ligadas à agricultura de subsistência e uma eventual abertura, na visão do país, geraria efeitos diretos sobre o trabalho e a pobreza da economia local. Neste fim de semana, durante reunião G-20 no Rio, o ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath, indicou que a importância de discutir o “comércio justo” e não apenas livre. No evento, Brasil e Índia defenderam que justamente a diversidade interna gera credibilidade ao grupo de emergentes.
Fiesp quer contrapartida agrícola
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) está disposta a aceitar uma abertura comercial mais ambiciosa na área industrial, mas apenas se os países industrializados admitirem oferecer cortes de tarifas de importação na área agrícola. O recado foi dado ontem pela Fiesp ao representante comercial da União Européia, Peter Mandelson, que esteve em São Paulo, após participar da reunião do G-20 no Rio de Janeiro no fim de semana.
“Os países industrializados querem nos convencer a fazer concessões em indústria e serviços independentemente do resultado da negociação na área agrícola”, disse o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Carlos Cavalcanti.
Mandelson disse que o interesse da UE é de que o Brasil reduza suas tarifas de importação para o que, no jargão das negociações comerciais, foi apelidado de Suíça 15.
Isso significa tarifa média de 9,8% para produtos industrializados, com uma máxima de 10,5%. Hoje a média brasileira é de 10,8%, com uma máxima de 35% em dois produtos (calçados e automóveis de passeio). A proposta oficial brasileira é a Suíça 30, que corresponde a uma tarifa média de 14,68% e a uma máxima de 16,15%.