Calote e dívida voltam a crescer e podem comprometer o Natal

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O endividamento e a inadimplência do consumidor voltaram a subir neste mês, um movimento atípico para esta época do ano. Isso fez acender um sinal de alerta quanto ao desempenho das vendas a prazo para o Natal.


Pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio – SP) mostra que 62% dos paulistanos estão endividados neste mês, ante 55% em agosto e setembro. O resultado deste mês é o maior desde fevereiro deste ano (67%).


De acordo com a enquete, que ouviu 1 mil consumidores na cidade de São Paulo, 41% dos endividados estão inadimplentes hoje.

O endividamento e a inadimplência do consumidor voltaram a subir neste mês, um movimento atípico para esta época do ano. Isso fez acender um sinal de alerta quanto ao desempenho das vendas a prazo para o Natal.


Pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio – SP) mostra que 62% dos paulistanos estão endividados neste mês, ante 55% em agosto e setembro. O resultado deste mês é o maior desde fevereiro deste ano (67%).


De acordo com a enquete, que ouviu 1 mil consumidores na cidade de São Paulo, 41% dos endividados estão inadimplentes hoje. No mês passado, a participação dos inadimplentes no total dos endividados era de 35%. A inadimplência deste mês atingiu a maior marca desde abril deste ano (45%).


Outra pesquisa confirma a alta da inadimplência. A partir dos dados de atraso no pagamento acima de 90 dias do sistema financeiro divulgados pelo Banco Central (BC), a Tendências Consultoria Integrada construiu um índice de inadimplência do consumidor descontando os efeitos típicos de cada mês do ano. Concluiu que, em setembro, a inadimplência das pessoas físicas foi de 7,7% dos créditos a receber, depois de ter ficado estacionada em 7,5% em julho e agosto, segundo a economista Camila Saito.


‘Os aumentos do endividamento e da inadimplência podem comprometer o Natal’, afirma a diretora da Assessoria Econômica da Fecomércio, Fernanda Della Rosa. Essa também é a avaliação de Camila, da Tendências. Por enquanto, a Fecomércio não aposta num crescimento de vendas em dezembro, na comparação com o mesmo período de 2005. Já a Tendências trabalha com expectativa de alta de 1,3% no período.


Fernanda observa que, no mês passado, houve recuo da inadimplência e o endividamento se manteve porque os recursos extras, como o adiantamento da primeira parcela do 13º salário dos pensionistas e aposentados da Previdência, cerca de R$ 5,8 bilhões, ajudaram a quitar as dívidas.


Além disso, o aumento do salário mínimo em abril garantiu a queda no nível de endividamento até agosto. Mas, passados esses efeitos, os indicadores voltaram a ter desempenho negativo, observa a economista. Agora o cenário fica mais complicado porque a renda do trabalhador cresceu muito pouco. Até agosto, o acréscimo em 12 meses, descontada a inflação, foi de 3,5%.


Com o Dia da Criança, o consumidor voltou a se endividar, lembra Fernanda. Segundo a economista, o brasileiro não tem renda adicional no curto prazo para sustentar um nível tão elevado de endividamento, até porque boa parte dos consumidores já receberam a primeira parcela do 13º salário por ocasião das férias.


Lojas


Grandes redes varejistas fazem uma análise diferente das consultorias e das entidades que representam o comércio. Nas Casas Bahia, por exemplo, a inadimplência se mantém elevada neste mês, mas a tendência é de queda.


Desde julho, a rede passou a vender a prazo com entrada e, a partir de março, introduziu um sistema para detectar os golpistas que pretendiam comprar a prazo. ‘Isso deve reduzir a inadimplência futura das vendas a prazo’, diz o diretor, Michael Klein.


Ele observa também que diminuiu o nível de endividamento do consumidor com o crédito consignado. Eles usaram parcela do 13º salário para pagar dívidas. Na sua empresa, por exemplo, os 20 mil funcionários deviam no consignado R$ 54,7 milhões em setembro, cifra que recuou para R$ 53,2 milhões este mês. ‘O consumidor está liquidando dívidas e deve voltar a comprar’, prevê.


Em setembro, o faturamento da rede, levando em conta as mesmas lojas, aumentou 4,5% ante o mesmo mês de 2005 e a expectativa é repetir a dose neste mês. Para outubro, o acréscimo esperado é de 10%. A rede encomendou para este Natal 25% mais produtos que na mesma data do ano passado.


O quadro é semelhante nas Lojas Insinuante, tida como as Casas Bahia do Nordeste, com 226 pontos-de-venda espalhados pela região. Rodolfo França Jr., diretor-comercial da rede, conta que encomendou para este Natal 10% mais produtos que no Natal de 2005. ‘O aumento da inadimplência não preocupa porque há uma sinalização de baixa’, afirma o diretor.


Sem revelar números, França Jr. diz que a inadimplência da sua rede aumentou em agosto, atingiu o pico em setembro e se mantém estável este mês. Mas pondera que existe uma indicação de que o calote vai recuar.


É que muitos clientes já estão procurando as lojas para iniciar uma renegociação das dívidas pendentes. Além disso, desde agosto, a rede passou a exigir entrada na venda a prazo, o que reduz o risco de calote no futuro.


 

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