Em um cenário de alteração da política econômica, o que inclui redução do gasto público e da taxa de juros com conseqüente desvalorização cambial, a economia brasileira deve crescer 4,5% no próximo ano, segundo estudo divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Em um cenário de alteração da política econômica, o que inclui redução do gasto público e da taxa de juros com conseqüente desvalorização cambial, a economia brasileira deve crescer 4,5% no próximo ano, segundo estudo divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O resultado será melhor que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) estimada para este ano pela Federação, de 2,7%, mas ficará abaixo da média mundial de 4,5% prevista para 2007 e dos 5% almejados pelo governo para o ano.
Sem as mudanças defendidas pela Fiesp, no entanto, a projeção é de que a atividade econômica cresça apenas 3% no próximo ano. Embora tenha dito que não gosta de “fulanizar” o debate, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, não poupou críticas ao presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Ao receber o prêmio de “Brasileiro do Ano na Economia” da Revista Isto É na segunda-feira, Meirelles disse que, após reduzir o risco-país e colocar a inflação dentro da meta, poderia “começar a discutir o crescimento”.
“É uma piada. O Brasil já passou da fase de discutir o crescimento. Temos que agir. Crescimento não é resultado de bons índices econômicos. O México também tem risco-país baixo e inflação controlada e não cresce. Crescimento é meta a ser perseguida”, disse Skaf.
A Fiesp também desmitificou a idéia de que o abastecimento de energia elétrica no Brasil seja um entrave ao crescimento. De acordo com o diretor do Departamento de Infra-estrutura da Fiesp, Saturnino Sérgio da Silva, se os projetos estruturantes de energia hidrelétrica forem levados adiante não haverá o risco de falta de energia a partir de 2009. “Além disso, a Petrobras tem projeto de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Rio de Janeiro e no Nordeste para 2008 e as negociações com a Bolívia caminham bem”, disse.
O estudo da Fiesp também indica que a taxa de juros básica deve encerrar o próximo ano em 9%, em um cenário otimista, ou em 12%, em um cenário conservador. O emprego deverá crescer 3,1% no primeiro caso ou 0,7%, no segundo, enquanto o Indicador do Nível de Atividade (INA) poderá subir 3% em 2007, no cenário “A”, ou 5,4%, no cenário “B”.
Projetos para 2007
O presidente da Fiesp anunciou que irá criar em 2007 o Comitê de Segurança Institucional para cuidar de questões como a paralisação do Portocel, maior terminal exportador de celulose do mundo. “Enquanto estiver paralisado pela inaceitável invasão, orquestrada irresponsavelmente por grupos políticos nacionais e internacionais, o referido terminal estará deixando de contribuir com a balança comercial do Brasil no montante de US$ 7 milhões diários. Não podemos seguir sob a ameaça de arruaceiros e criminosos comuns”, escreveu Skaf, em carta enviada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente da Fiesp também defendeu que as Organizações Não Governamentais (ONGs) sejam obrigadas a revelar a origem e o uso dos recursos recebidos. “É preciso transparência. O Brasil merece e a sociedade também”, afirmou. Em 2007, a Fiesp também pretende estender as atividades das suas Câmaras de Mediação e Conciliação, criadas na segunda-feira para reduzir a morosidade do Judiciário. Elas são uma espécie de fórum de entendimento para empresas que estejam enfrentando problemas contratuais. Também a partir do ano que vem, todas as reuniões da Fiesp serão transmitidas pela internet, informou Skaf.
O dirigente pediu a parlamentares que façam um projeto de lei para alterar a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que vai hoje à sanção presidencial. “Para que a lei fosse aprovada, toleramos algumas distorções, que agora precisam ser reparadas. Uma delas é a forma de cálculo que, de tão complicada, oferece até um programa simplificado como alternativa. Outro item é a fiscalização municipal, governamental e federal sobre o mesmo tema e com interpretações diferentes”, defendeu.
Comércio Exterior
Embora estime a manutenção do superávit comercial brasileiro em 2007, em torno de US$ 45 bilhões, a Fiesp quer dar ênfase na relação comercial entre Brasil e Estados Unidos no ano que vem. “A economia dos Estados Unidos, a mais dinâmica do planeta, importa US$ 1,8 trilhão do mundo e o Brasil tem participação muito pequena. Faltam acordos comerciais e a resolução de questões como a demora na concessão de vistos de negócios, a agilização de aduanas, entre outros”, disse o diretor-adjunto do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Carlos Antonio Cavalcanti.