Copom reduz os juros para 13,25%

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Confirmando a expectativa da maioria dos analistas do mercado, o Banco Central reduziu ontem em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, para 13,25%, na última reunião deste ano do Comitê de Política Monetária (Copom). Esta é a 12ª redução consecutiva da Selic desde setembro de 2005, quando a mesma estava em 19,75%. Apenas em 2006, a Selic caiu 4,75 pontos percentuais. Atualmente, a taxa está 11,75 pontos percentuais abaixo dos 25% de janeiro de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu.

Confirmando a expectativa da maioria dos analistas do mercado, o Banco Central reduziu ontem em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, para 13,25%, na última reunião deste ano do Comitê de Política Monetária (Copom). Esta é a 12ª redução consecutiva da Selic desde setembro de 2005, quando a mesma estava em 19,75%. Apenas em 2006, a Selic caiu 4,75 pontos percentuais. Atualmente, a taxa está 11,75 pontos percentuais abaixo dos 25% de janeiro de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu. Para economistas, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre – que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – teve influência sobre a decisão.


A surpresa ficou por conta da falta de unanimidade, informada em comunicado do Copom. “Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 13,25% aao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela redução da taxa Selic em 0,25 ponto percentual”, diz o documento, divulgado às 20h05. A divisão indica desaceleração nos próximos cortes dos juros pelo BC, a partir de janeiro de 2007.


Ranking


Apesar do recuo na Selic, o Brasil manteve o primeiro lugar no ranking de taxa de juros reais, de acordo com dados da Uptrend Consultoria Econômica, com taxa de 8,7% (considerando a inflação projetada para os próximos 12 meses). A Turquia ocupa a segunda posição (6,8%), seguida por Israel (5,6%), China (4,7%) e Estados Unidos (4%).


Para que taxa no Brasil se igualasse à da Turquia seria necessário um único corte de 2,5 pontos percentuais na Selic, cenário considerado pouco factível no curto e médio prazo pelo economista-chefe da Uptrend, Jason Vieira. “Havia condições técnicas para o corte de 0,5 ponto percentual, mas esperava mais conservadorismo do BC com a inflação. A decisão aponta para um corte de 0,25 ponto percentual em janeiro”, afirmou.


A economista-chefe da Mellon Global Investments Brasil, Solange Srour, acredita que a falta de uma unanimidade é uma indicação clara de que o ritmo dos cortes será reduzido em 2007. “Os dados de consumo e crédito ainda estão fortes, o que não acontece com o nível de atividade. O BC tem uma preocupação de que a demanda agregada acabe pressionando a inflação no médio prazo, o que deve apontar para uma menor velocidade na redução dos juros”, disse.


Já o gerente de renda fixa do Banco Prosper, Carlos Cintra, acredita que só agora começam a aparecer os sinais de que a demanda interna está aquecendo, embora ainda timidamente. A indefinição sobre a política fiscal no próximo ano, no entanto, deve contribuir para que o BC adote uma postura mais conservadora em suas decisões em 2007, segundo Cintra. É o mínimo admissível, diz CNI


O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que a redução de 0,5 ponto percentual da taxa de juros “é o mínimo admissível, tendo em vista as condições do ambiente macroeconômico e a ausência de pressões inflacionárias”. “É lamentável que a taxa de juro real seja muito elevada, algo próximo de 9% ao ano, o que nos coloca em uma posição de desvantagem em relação às taxas de países com os quais concorremos no mercado internacional”, afirmou.


Na avaliação de economistas da CNI, o mercado futuro de juros (swap de 360 dias) aponta há alguns dias para uma taxa real ao final de 2007 em torno de 8,5% ao ano, mas é “absolutamente indispensável” tornar o custo do capital no Brasil compatível com a rentabilidade dos projetos privados e com o custo internacional. Por isso, defendem a redução do gasto público e da carga tributária. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, lamentou a decisão do Copom e ressaltou que a taxa continua sendo a mais elevada do mundo, o que inviabiliza a retomada do crescimento sustentado da economia já no início de 2007.


Para Skaf, “faltam visões histórica e geopolítica, inclusive de curto prazo, aos membros do Copom e ao governo”. “A queda da Selic, de apenas 0,5 ponto percentual pelo Copom, vai tornando impossível ao Brasil reverter a amarga previsão que acaba de fazer a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ocde): a expansão do PIB brasileiro não deverá passar de 3,1% em 2006, 3,8% em 2007 e 4% em 2008”, disse Skaf.


Firjan


Já a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considerou acertada a decisão do Copom, tendo em vista o cenário positivo consolidado para a inflação em 2007. Em nota, a entidade afirma que ainda permanece um grande desafio: a adoção de medidas para a redução dos gastos públicos e a retirada dos entraves ao investimento privado. “O Sistema Firjan considera bem vindo o maior debate público sobre o assunto e entende que medidas corajosas terão de ser tomadas para que se atinja um processo de crescimento continuado no país”, diz o comunicado.


A Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) avaliou como positiva a nova redução na taxa básica de juros, mas destacou que o atual cenário macroeconômico permitiria uma redução mais acelerada, de até 1 ponto percentual por reunião do Copom, a cada 45 dias. Para a Abdib, o Brasil só terá juros de primeiro mundo quando o Estado conseguir eliminar seu déficit nominal, resultado após pagamento de todas as rubricas, desde Previdência até juros da dívida. No ano passado, o déficit nominal foi de 3,55% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).


Pelos cálculos do presidente da Abdib, Paulo Godoy, ainda há ainda uma margem considerável para cortar os juros, independente da redução do déficit nominal. “Não estamos solicitando medidas mágicas ou irresponsáveis, mas um pouco mais de consonância com a necessidade de crescimento com o devido controle da inflação”, disse.


Na avaliação do presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, a queda da taxa básica de juros ao longo de 2006 foi insuficiente para aliviar o peso que recai sobre as pequenas e microempresas, “sufocadas por condições de crédito a juros ainda muito elevados e uma burocracia excessiva”. A Federação projeta que o comércio no Rio de Janeiro fechará o ano com alta em torno de 2%, em relação a 2005, crescimento considerado bom, mas aquém do que poderia ter sido.


 

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