Empresariado cobra novas reduções

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Empresários receberam de maneira positiva o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, para 13,75% ao ano, definido ontem pelo Copom. Representantes de setores da indústria, comércio, crédito e infra-estrutura consideram, contudo, que os juros reais permanecem elevados e cobram a manutenção do ritmo de corte da Selic.


O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que o corte foi positivo, mas que ainda existe espaço para novas reduções na taxa.

Empresários receberam de maneira positiva o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, para 13,75% ao ano, definido ontem pelo Copom. Representantes de setores da indústria, comércio, crédito e infra-estrutura consideram, contudo, que os juros reais permanecem elevados e cobram a manutenção do ritmo de corte da Selic.


O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que o corte foi positivo, mas que ainda existe espaço para novas reduções na taxa. “A atividade econômica está se expandindo em ritmo moderado e há expectativas de cumprimento com folga das metas de inflação para 2006 e também para 2007”, explicou Monteiro Neto, em comunicado.


O dirigente acrescentou que a queda dos juros de 14,25% para 13,75% ao ano deve se refletir na redução, ainda que modesta, das taxas cobradas dos tomadores de empréstimos e contribuir para a manutenção de um nível de atividade mais intenso nos próximos meses deste ano. Monteiro Neto lembrou, por outro lado, que os juros reais continuam elevados, na casa dos 9,5% ao ano:


“É absolutamente indispensável reduzir essa taxa e tornar o custo do capital no Brasil compatível com a rentabilidade dos projetos privados e com o custo internacional”, destacou o presidente da CNI, acrescentando que, para que isso ocorra, a indústria defende a redução do gasto público e da carga tributária, de forma que o ônus da estabilidade econômica seja compartilhado entre as políticas monetária e fiscal.


O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, salientou que a manutenção no Brasil do juro real mais elevado do mundo potencializa o efeito negativo da previsão das Nações Unidas, de que o País terá o menor crescimento da economia mundial em 2007. Skaf afirmou ainda que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano já está comprometido.


“O índice anual de 13,75% transforma investimentos em perigosa aventura, semeando insegurança e ameaçando a economia”, alertou Skaf, que classificou os juros como um dos principais responsáveis pelo pífio crescimento econômico. “Há clara relação de causa-efeito entre nossas taxas usurárias e a queda de investimentos estrangeiros nos últimos dois anos.”


Para o presidente da Fiesp, os responsáveis pela política econômica deveriam ampliar a visão sobre a conjuntura e, pelo menos, os cenários de curto e médio prazos. “No contexto de uma economia mundial que não deverá repetir o desempenho tão vigoroso no próximo exercício, seria imprescindível preparar o ambiente interno para viabilizar maior expansão do PIB”, argumentou.


Firjan. Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a decisão do Copom não representou surpresa, uma vez que o quadro para a inflação mostra-se favorável. O Sistema Firjan afirmou que as ações do setor público precisam ser complementares à redução dos juros, para ultrapassagem dos obstáculos que retardam o início de um processo de crescimento mais robusto.


O presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, acrescentou que o resultado da Selic encobre o mau gerenciamento do orçamento público e o tamanho do Estado. “A queda de 0,5 ponto percentual na taxa Selic é apenas um paliativo, que encobre problemas estruturais bem maiores”, afirmou Diniz, dizendo ser necessário um compromisso de longo prazo com o crescimento sustentado.


sinalização. A Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) confirmou que a queda ocorreu dentro do esperado e que foi uma sinalização positiva para a manutenção da diminuição dos juros no país. A associação afirmou, no entanto, que a redução ainda não foi suficiente para que empresas privadas desengavetem grandes projetos de investimentos.


“Mais umas três ou quatro decisões como a de hoje (ontem) transformarão o investimento em infra-estrutura em um forte concorrente na atração dos recursos atualmente aplicados por fundos de investimento e de pensão em dívida pública”, analisou Paulo Godoy, presidente da Abdib. Ele disse que novas quedas atrairão para a infra-estrutura, em um horizonte curto, cerca de R$ 75 bilhões hoje aplicados em dívida pública.


Já o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Roberto Alfeu, disse que, mesmo com um patamar mais baixo da história, o Brasil permanece com os juros reais altos, muito acima da média internacional de 1,9%. Ele afirmou que, para deixar a liderança do ranking, o Copom teria de reduzir a Selic em 3,75 pontos percentuais, o que resultaria em um juro real de 6,2%, igual ao da Turquia.


“Os seguidos cortes na taxa de juros, desde a reunião de setembro de 2005, não se materializaram completamente na economia e futuras reduções só terão reflexo sobre a atividade econômica no fim de 2006 e início de 2007. Esperamos que a Selic encerre 2006 em 13,5% ao ano, já que temos um cenário econômico totalmente a favor”, disse o presidente da CDL/BH.


Alfeu acrescentou que a queda na relação entre a dívida/Produto Interno Bruto (PIB) e o comportamento favorável da inflação justificam a trajetória declinante da Selic. “Para o comércio, juros menores significam melhores vendas e consequentemente, crescimento do número de empregos e da economia. Com a aproximação do Natal, uma taxa de juros menor ampliaria os prazos de pagamento”, disse.


A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) também cobrou a manutenção da redução da Selic. O conselheiro econômico da entidade, Istvan Kasznar, disse que o cenário da economia é bastante positivo. “A inflação está em baixa contínua, o petróleo vem caindo no mercado internacional e os juros, no mercado interno, já caíram 6 pontos percentuais”, contou.


Para Kasznar, existe espaço também para o spread bancário cair de forma contínua, beneficiando os tomadores de crédito na ponta final.




 

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