Endividamento sobe e ameaça afetar consumo

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A inadimplência recuou em São Paulo este mês, mas o nível de endividamento do consumidor subiu bastante e começa a preocupar. A quantidade de pessoas com dívidas em atraso caiu de 41% para 34%. No entanto, a porcentagem de consumidores endividados chegou a 70%, nível que só perde para os 72% de junho de 2004.


A explicação para esse movimento, de acordo com a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), é o fato de cada vez mais as pessoas tomarem crédito não só para comprar mais bens, mas, especialmente, para quitar pendências.

A inadimplência recuou em São Paulo este mês, mas o nível de endividamento do consumidor subiu bastante e começa a preocupar. A quantidade de pessoas com dívidas em atraso caiu de 41% para 34%. No entanto, a porcentagem de consumidores endividados chegou a 70%, nível que só perde para os 72% de junho de 2004.


A explicação para esse movimento, de acordo com a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), é o fato de cada vez mais as pessoas tomarem crédito não só para comprar mais bens, mas, especialmente, para quitar pendências. Ou seja, o consumidor não está mais com contas em atraso não porque conseguiu honrar seus compromissos com seus rendimentos, mas sim porque se endividou mais ainda para isso, explica Altamiro Carvalho, economista da entidade paulista.


Na faixa de renda da população menos abastada, que ganha até três salários mínimos, a situação é um pouco mais complicada. O nível de endividamento chega a 76%, enquanto a inadimplência atinge os 49%. Esses dados podem ter efeitos ruins sobre o consumo popular, que tem baixo valor agregado, mas que também causa impacto nos dados de varejo.


Os dados mais recentes da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) são de outubro e também não indicam um cenário muito animador. A taxa de inadimplência ficou em 6,1%. É o maior valor para esse mês desde 2001, quando ficou em 6,2%. Porém, é um recuo em relação ao mês de maio deste ano, por exemplo, quando a taxa chegou a 8,2%.


O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, alerta para o papel do crédito consignado na formação dos índices de inadimplência. Como se trata de um desconto em folha de pagamento, são poucas as pessoas que deixam de pagá-lo. “Isso significa que se a inadimplência está em torno dos 6% e implica uma taxa quase próxima a zero do consignado, então em alguns segmentos ela chega aos 12%”, explica Silveira. Hoje, ele estima que 50% do crédito a pessoa física seja concedido por meio do consignado.


Para ele, não é algo que vá explodir no curto prazo, mas já lança dúvidas sobre a capacidade da consumidor continuar se endividando em meados do próximo ano. A massa salarial neste ano deve crescer 4,2% em termos reais. Mas, para o economista, esse crescimento não tem sido suficiente para evitar, ao mesmo tempo, um aumento do endividamento e da quantidade de pessoas com pagamentos em atraso.


A parcela da renda dos brasileiros comprometida com dívidas, contudo, não tem crescido de forma significativa. Em novembro, ela ficou em 33%, levemente abaixo do resultado de outubro e um pouco longe do pico desse indicador, que foi de 40%, em julho deste ano.


Devido a isso e também apostando que os aumentos de salários vão continuar sendo acima da inflação, o economista da Ágora Sênior, Álvaro Bandeira, acredita que a inadimplência ainda não é motivo de preocupação nem deve ser no próximo ano. Para 2006, a Fecomercio projeta expansão entre 3% e 4% nas vendas paulistas. A perspectiva para o Natal é menos favorável e está entre 1% e 2%. Já Silveira estima que o comércio brasileiro deve vender 5% a mais neste ano.

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