Embora o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, não confirme sua saída do governo, o evento promovido ontem para divulgar o balanço de quatro anos de sua gestão foi marcado por um tom de despedida.
Embora o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, não confirme sua saída do governo, o evento promovido ontem para divulgar o balanço de quatro anos de sua gestão foi marcado por um tom de despedida. O ministro, que chegou acompanhado da esposa Ana Maria Furlan, se emocionou várias vezes e fez desabafos.
Para mostrar as dificuldades com a máquina pública, Furlan contou, com voz embargada, durante entrevista à imprensa ao lado do presidente demissionário do Banco do Brasil, Rossano Maranhão, que, em abril de 2003 ligou para o BB e para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para solicitar mais recursos para linha de crédito ao exportador. ‘O BB me garantiu na hora mais R$ 500 milhões. O outro ficou de dar resposta no dia seguinte e eu estou esperando até hoje.’
Nas conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro tem condicionado sua permanência à subordinação do BNDES, de fato, ao seu ministério. Desde que assumiu, Furlan nunca teve influência na política do banco, cujos presidentes sempre se reportaram diretamente a Lula.
Para os jornalistas e funcionários do ministério, o ministro tem dito que ainda não tomou uma decisão. ‘Ninguém escapa de uma boa cantada’, responde com bom humor. Mas a confirmação do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, no cargo incomodou Furlan. Na sua avaliação, a manutenção de Okamoto, que sofreu denúncias de corrupção, sinaliza a distância entre a prática e o discurso do presidente, de montar uma equipe mais técnica e de menos amigos para o segundo mandato.
Antes de começar a entrevista, Furlan tropeçou no auditório e caiu. Ao se levantar, previu, em tom de brincadeira, as manchetes dos jornais: ‘Cai ministro do Desenvolvimento’. Depois, na solenidade, ele agradeceu ao presidente Lula e a todos os auxiliares, citando vários deles.
‘Quero agradecer à minha esposa, que bravamente suportou os 400 dias de viagens ao exterior e tantos outros momentos em que estive ausente, aos meus dois filhos, aos meus netos e até mesmo aos meus pais, que sempre me apóiam mesmo quando querem que eu faça outra coisa’, disse, enxugando as lágrimas. Foi aplaudido de pé pela sua equipe e funcionários do Banco do Brasil que participaram do evento. ‘Foi muito prazeroso conviver com todos vocês.’
PACOTE
Antes da solenidade, Furlan informou que o pacote de medidas a ser anunciado na próxima semana pelo presidente Lula incluirá incentivos fiscais para a indústria de TV digital, semicondutores e softwares e a ampliação dos benefícios previstos na ‘MP do Bem’ e no programa Computador para Todos.
Segundo ele, haverá ampliação dos valores dos computadores que recebem isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do PIS e da Cofins. Hoje, são concedidos benefícios fiscais para a compra de computadores de até R$ 2,5 mil e para notebooks de até R$ 3 mil. O governo também vai reduzir a exigência de que as empresas exportem no mínimo 80% da produção para ter isenção fiscal na compra de máquinas e equipamentos.
FRASES
Luiz Fernando Furlan
Ministro do Desenvolvimento
‘Ninguém escapa de uma boa cantada’
‘Quero agradecer à minha esposa, que suportou os 400 dias de viagens ao exterior e tantos outros momentos em que estive ausente, aos meus dois filhos, aos meus netos e até mesmo aos meus pais, que sempre me apóiam, mesmo quando querem que eu faça outra coisa’