Impulsionada pela disparada nos preços do atacado, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) encerrou o ano com alta de 4,05% – acima da apurada em 2005, de 1,47%, a menor da história do indicador. Mesmo com a aceleração de um ano para o outro, porém, a taxa deste ano foi a terceira mais baixa da série. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), duas taxas tão pequenas, de forma consecutiva, podem representar o início de um cenário prolongado de inflação baixa para o País.
Esse foi o primeiro indicador fechado do ano pela FGV.
Impulsionada pela disparada nos preços do atacado, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) encerrou o ano com alta de 4,05% – acima da apurada em 2005, de 1,47%, a menor da história do indicador. Mesmo com a aceleração de um ano para o outro, porém, a taxa deste ano foi a terceira mais baixa da série. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), duas taxas tão pequenas, de forma consecutiva, podem representar o início de um cenário prolongado de inflação baixa para o País.
Esse foi o primeiro indicador fechado do ano pela FGV. O resultado de 2006 foi beneficiado pelo IGP-10 de dezembro, medido entre 11 de novembro e 10 de dezembro, que subiu 0,47%, menos da metade da taxa de novembro (1,02%). ‘Em dezembro, o preço dos bovinos caiu 8,55% no atacado’, disse o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.
Para ele, a taxa de 2006 do indicador é mais ‘consistente’ do que a de 2005. Isso porque o IGP-10 do ano passado foi excepcionalmente baixo por causa da forte valorização do real ante o dólar – que puxou para baixo os preços dos importados. Quadros observou que dois resultados tão pequenos em seqüência revelam muito do que é hoje o cenário de preços no País. ‘Está se buscando um nível mais baixo de inflação’, afirmou.
Em 2006, os preços do atacado subiram 4,75%, bem acima da queda de 0,58% no ano passado. Este ano houve forte elevação nos preços das commodities agrícolas por conta da influência, no mercado interno, de oscilações de preços do mercado internacional. É o caso da soja, que subiu 18,44% este ano, e foi o principal destaque de elevação de preço no atacado.
Mas esse comportamento da soja não deve continuar. De novembro para dezembro, a alta no preço do produto perdeu força (de 11,30% para 7,55%). Isso também ajudou a derrubar o avanço nos preços setor atacadista (de 1,45% para 0,56%) no período.
No varejo, a trajetória de preços este ano foi oposta à do atacado. Os preços ao consumidor encerraram 2006 com alta de 1,87%, bem abaixo da inflação em 2005 (5,09%) e a segunda menor da história do setor. ‘O varejo passou por uma ‘superdesaceleração’ por causa das quedas nas tarifas’, afirmou Quadros. Ele lembrou que, graças às taxas baixas de 2005 dos índices usados como indexadores, como Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) e Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), vários preços importantes encerraram 2006 com deflação. É o caso de tarifa elétrica residencial (-1,67%) e tarifa de telefone residencial (-1,73%).
Mas esse cenário está mudando. Aumentos recentes no transporte urbano puxaram para cima a inflação do consumidor de novembro para dezembro (de 0,20% para 0,33%). A elevação nos preços da construção civil também perdeu força de 2005 para 2006 (de 6,99% para 4,9%). Em dezembro, porém, a inflação no setor acelerou de 0,23% para 0,25%.
Previsões
Para o ano que vem, uma alta de 3,5% para os IGPs ‘é uma boa aposta’, na avaliação do economista. Em 2007, os preços do atacado devem ficar em baixa, e os preços do varejo, em alta. Como o setor atacadista tem mais peso do que o varejista, isso deve puxar para baixo os IGPs.
Mas Quadros alertou que ainda existe um movimento de inércia inflacionária para o ano que vem, impulsionado pela procura dos chamados serviços não-comercializáveis, como os de oficina mecânica e salão de beleza, por exemplo. ‘Esses itens representam um elemento de resistência à queda da inflação’, admitiu.