Ipea descarta crescimento de 5%

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O crescimento econômico no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve chegar à média de 5% ao ano sonhada por ele.

O crescimento econômico no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve chegar à média de 5% ao ano sonhada por ele. Simulações feitas pelo economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) José Ronaldo de Castro Souza Júnior indicam que, no cenário mais otimista, o Brasil pode crescer, sem pressão inflacionária e de forma sustentável, 3,7% ao ano, atingindo o máximo de 4,1% em 2010.


Isso se os investimentos na construção civil, em máquinas e equipamentos – a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – se expandirem em 10% ao ano de 2008 a 2010, bem acima da média dos últimos anos. Depende, ainda, de a produtividade crescer, nos próximos quatro anos, ao ritmo de 1% ao ano, o dobro da média recente.


‘Para que seja possível elevar, de forma sustentável, a taxa de crescimento, é fundamental tomar medidas capazes de incentivar o aumento dos investimentos e da produtividade’, afirma Souza Júnior.


O economista recomenda reduzir as despesas correntes em relação ao PIB para permitir a liberação de recursos para reduzir a carga tributária sem comprometer a trajetória de queda da dívida pública e ‘para investir em setores fundamentais, como infra-estrutura e educação’.


Para o diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Levy, o baixo crescimento está ligado a restrições de oferta de bens e serviços. A carga tributária, segundo ele, é o ‘fator crítico’ para ampliar os investimentos produtivos, que se traduzirão em aumento da oferta e do ritmo de crescimento.


O estudo de Souza Júnior indica que ‘o produto potencial (crescimento do PIB sem pressão na inflação) não responde de forma rápida’, mesmo com cenários otimistas para investimento e produtividade, como são as premissas de crescimento da produtividade de 1% ao ano e de investimentos de 10% ao ano.


Nos últimos anos, a produtividade tem ficado, em média, em 0,5% ao ano. Usando essa taxa para a produtividade e 10% ao ano para a FBCF, a expansão do PIB no próximo mandato de Lula ficaria em média em 3,2% ao ano, alcançando 3,6% em 2010.


Mas esse não é o cenário mais provável. Nos últimos dez anos, os únicos em que o crescimento da FBCF esteve perto dos 10% foram 1997, quando atingiu 9,3%, e 2004, quando os investimentos até passaram a marca e alcançaram 10,9%. Foram exceções. Fora esses dois anos, o ritmo máximo a que o investimento cresceu na última década foi o de 4,5% em 2000.

 

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