O mais importante efeito da expansão das exportações brasileiras acima da média mundial nos últimos quatro anos é a ampliação da corrente de comércio – soma de importações e vendas externas. A participação do Brasil no comércio internacional deve encer-rar o ano em 1,2%, ante 1,1% registrado em 2005, segundo Fernando Ribeiro, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Para ele, a trajetória de abertura comercial deve continuar em 2007.
O mais importante efeito da expansão das exportações brasileiras acima da média mundial nos últimos quatro anos é a ampliação da corrente de comércio – soma de importações e vendas externas. A participação do Brasil no comércio internacional deve encer-rar o ano em 1,2%, ante 1,1% registrado em 2005, segundo Fernando Ribeiro, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Para ele, a trajetória de abertura comercial deve continuar em 2007. Mas, diferentemente do que vem ocorrendo até agora, os desembarques ganharão cada vez mais peso do que os embarques.
“A tendência de aumento das importações é mais firme e, mesmo após crescer cerca de 25% este ano, no próximo, deve ser registrada taxa superior a 20%. Já as exportações, que aumentaram cerca de 17% em 2006, devem subir 10% em 2007”, afirma, complementando que a esse ritmo de crescimento a taxa de expansão das vendas de produtos brasileiros ao exterior convergirá para a média mundial.
Na avaliação de Ingo Plöger, presidente da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional, o importante é que a internacionalização brasileira continue a aumentar. De acordo com cálculos por ele apresentados, em 2006 a relação entre a corrente de comércio e o Produto Interno Bruto (PIB) foi de 27% e a sua estimativa é que no próximo ano chegue em 30%.
Para Plöger, a ampliação da participação brasileira no comércio internacional depende um pouco do crescimento econômico e de uma integração maior. De acordo com o economista, neste ano as vendas para a Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) devem superar as exportações para os Estados Unidos. “Essa tendência de integração regional é salutar”, afirma.
“O ambiente de instabilidade econômica que o Brasil viveu durante décadas fez do País um retardatário nessas correntes mais dinâmicas de comércio internacional que vêm ocorrendo há muito tempo. Mas entramos agora para valer”, destaca o embaixador do Brasil em Washington, Roberto Abdenur. Ele lembra que as exportações brasileiras crescem mais de 20% ao ano.
Plöger defende que a ampliação das exportações de manufaturados brasileiros seja uma questão central. Segundo ele, o Brasil deveria ser pensado de maneira estratégica e a política cambial valorizada nas negociações internacionais. “Toda a cadeia produtiva deveria ser repensada. É necessário reduzir os custos de mão-de-obra, rever a política tributária e incentivar a inovação”, diz, destacando que o Brasil é o único dos Bric (classificação do Goldman Sachs para Brasil, Rússia, Índia e China) com câmbio flutuante e, por isso, deveria ser reconhecido nas negociações internacionais por ser uma economia mais aberta e que não usa a política cambial para compensar tarifas.
Câmbio malvado
É justamente o câmbio que, da forma como está apreciado, é apontado como o principal motivo para a desaceleração das vendas externas brasileiras. No entanto, Sérgio Vale, economista da MB Associados, admite que, se o custo-Brasil – que vai desde infra-estrutura precária até alta e complexa carga tributária – fosse mais baixo seria perfeitamente plausível que o empresariado exportador tivesse condições de competitividade e suportasse o nível atual do câmbio.
“A atual taxa cambial é a conseqüência de uma estrutura que está falha. É preciso atacar a causa, e, não, o sintoma”, alerta Vale. Há cerca de seis meses a taxa de câmbio comercial na venda oscila em torno de R$ 2,20, com momentos de maior desvalorização, como em maio deste ano, em que chegou a R$ 2,37. Segundo Vale, pela conjuntura atual e as projeções para o futuro próximo, o desejo dos empresários para novas ondas de depreciação da moeda local fica cada vez mais distante. Por outro lado, a cotação não deve derreter, diz o economista, que esteve presente a uma das reuniões nas quais os integrantes do Banco Central deram a entender que as intervenções para a compra de moeda estrangeira vão continuar. Vale diz acreditar que existe uma tendência clara que ficou delineada este ano de que as importações continuarão crescendo mais do que as exportações. E isso ocorrerá, mesmo com a continuidade de alta dos preços das commodities e, em especial, do minério de ferro.
A análise é compartilhada por Plöger, que espera saldo comercial de US$ 30 bilhões em 2007, com aumento das exportações de 12% a 15% e das importações de 40% a 50% frente a 2006. “O aumento das importações mais que compensará os preços internacionais favoráveis”, diz Plöger, destacando que a redução do superávit comercial não é má.
“O ideal seria um saldo comercial entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões para gerar maior equilíbrio do balanço de pagamentos”, afirma Castro. Ele lembra que o superávit atual acaba saindo caro devido ao custo de manter as reservas internacionais.