Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
Pelo que se infere das análises dos economistas, dos empresários e dos políticos, a economia brasileira perdeu, nas últimas décadas, a força e o impulso desenvolvimentista, na medida em que o Estado foi se expandindo, invadindo as áreas do setor privado e sugando-lhe as economias, desestimulando os investimentos.
Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
Pelo que se infere das análises dos economistas, dos empresários e dos políticos, a economia brasileira perdeu, nas últimas décadas, a força e o impulso desenvolvimentista, na medida em que o Estado foi se expandindo, invadindo as áreas do setor privado e sugando-lhe as economias, desestimulando os investimentos. A presença maior do Estado gerou duas pressões insuportáveis: a da pesada carga tributária e a dos juros reais elevados, usados para girar a crescente dívida pública. A maior presença do Estado na economia gerou, ainda, um filhote bastardo, a burocracia, que, por sua vez, pariu a corrupção.
Assim, como nas profecias bíblicas, foram liberados os quatro cavaleiros do Apocalipse contra o desenvolvimento econômico: a excessiva carga tributária, as devastadoras taxas de juros, a burocracia infernal e a corrupção desmoralizadora. Diante dos quatro poderosos inimigos, a economia brasileira estagnou. Secaram os investimentos, esvaziaram-se as taxas de retorno dos negócios legítimos, esmoreceram as pesquisas e a produtividade. O resultado era inevitável: paralisação econômica e desemprego da mão-de-obra. Em 1998 e 1999, a economia brasileira patinou em torno do crescimento zero; em 2000, ocorreu uma bolha de expansão, decorrente do ingresso de US$ 33,2 bilhões de investimentos diretos, voltando a um desempenho pífio, médio, de 1,5% do PIB, em 2001 e 2002, para chegar novamente a zero, em 2003. Em 2004, voltou a crescer (+5,2%) e o mesmo poderá acontecer em 2005.
O resultado de 2003 teria sido o preço pago para “segurar a crise” e digerir a “herança maldita” recebida do Governo anterior. Todo mundo sabe que as coisas ocorreram mais ou menos dessa maneira, porém, em verdade, nada foi feito para mudar o quadro: o Governo continua aumentando a carga tributária e o Banco Central os juros sobre a dívida pública.
A conclusão é uma só: se o Governo pretende iniciar um programa de desenvolvimento sustentável, com vistas à geração de empregos, terá que, simplesmente, dar combate a seus adversários, nomeadamente os juros, os tributos, a burocracia e sua irmã siamesa, a corrupção. As empresas menos atingidas por essas pragas vão bem, prósperas e lucrativas, como é o caso da PETROBRÁS, da CVRD, da ARACRUZ, da VCP, da CST, da CSN, da Gerdau e outras grandes siderúrgicas, da agroindústria e das empresas de exportação, além dos bancos. O resto, como se vê, continua patinando no mercado interno, sem muitas esperanças.
Publicado no jornal A Gazeta de 12/07/2005, p. 3.