O setor de serviços no Brasil é mais concentrado do que a indústria: dos 5.507 municípios brasileiros, apenas 134 respondem por 90% da massa salarial e do valor agregado gerado por essas empresas. Somente a região Sudeste representa 70,76% da massa de salários do setor no país, e a região metropolitana de São Paulo, 34,7%.
A concentração da indústria é menor: essas mesmas cidades representam 65% do valor agregado gerado pelo setor industrial.
O setor de serviços no Brasil é mais concentrado do que a indústria: dos 5.507 municípios brasileiros, apenas 134 respondem por 90% da massa salarial e do valor agregado gerado por essas empresas. Somente a região Sudeste representa 70,76% da massa de salários do setor no país, e a região metropolitana de São Paulo, 34,7%.
A concentração da indústria é menor: essas mesmas cidades representam 65% do valor agregado gerado pelo setor industrial. Essas são algumas das conclusões apresentadas no livro “Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil”, lançado na última terça-feira pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), do Ministério do Planejamento.
Essa maior concentração dos serviços é atribuída por especialistas à demanda crescente desse setor por alta tecnologia e também por profissionais mais qualificados, o que é mais fácil de encontrar nos grandes centros. Não por acaso, 19 regiões metropolitanas concentram 81% do valor agregado gerado por serviços no Brasil.
Para ter uma idéia, a receita líquida somada das empresas dos segmentos de informática, serviços técnicos e telecomunicações representa 38% do total da receita do setor de serviços.
De acordo com o economista João Alberto De Negri, do Ipea, o peso desses segmentos vem aumentando. “O fato de essas empresas conviverem juntas faz com que se desenvolvam mais.” É essa uma das descobertas do estudo: as grandes aglomerações de empresas de serviços estão vinculadas com segmentos específicos da indústria, principalmente com as empresas de alta tecnologia.
Essa ligação caracteriza, segundo ele, o país como uma nação em desenvolvimento diferente da média. “Quando existem serviços com base tecnológica e pesquisa para a indústria, isso é diferente e impulsiona o desenvolvimento. Os demais países da América Latina não possuem isso. Mesmo no México essa ligação não é tão forte”, afirma o economista. Ele aponta que, nesse sentido, o perfil brasileiro é mais próximo ao de países como China e Índia.
“Se no Brasil os serviços de baixa intensidade tecnológica, como cortes de cabelo ou restaurantes, fossem predominantes, deveriam acompanhar proporcionalmente a população brasileira. Não é assim, porque a concentração segue a presença da indústria”, afirma.
A concentração pode ser notada também no mapa brasileiro de diversidade de serviços: a cidade de São Paulo é a única que apresenta todas as 93 diferentes classificações. Em 770 municípios, as empresas de serviços enquadram-se em apenas uma classificação.
“O processo de descentralização é mais fácil na indústria. Logística e fornecimento, por exemplo, têm um peso maior do que em serviços e incentivam a procura de regiões onde os custos são menores”, afirma Fernando Sarti, economista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). “Alguns segmentos de serviços que têm crescido muito, como telecomunicações, pedem mão-de-obra mais qualificada, mais provável de encontrar nos grandes centros”, completa.
Peso crescente
Os serviços representaram 57% do PIB no ano passado. Dados citados no livro do Ipea mostram que o número de empresas do setor -excluindo as financeiras e as do setor público- cresceu 42% entre 1999 e 2003. A quantidade de indústrias, na mesma comparação, subiu 18%, e a das empresas do comércio, 31%.
Atualmente, estima De Negri, as empresas de serviços empregam de 60% a 70% da população brasileira economicamente ativa.
“É a primeira vez que se faz um estudo tão amplo quanto fizemos sobre o setor de serviços, que tem sido pouco estudado no país.”