Sessenta anos servindo o Brasil (Jornal do Brasil, 07/01/2006)

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Antonio Oliveira Santos

Presidente da Confederação Nacional do Comércio


Ao completar a Confederação Nacional do Comércio (CNC) sessenta anos de existência, quis a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro homenageá-la, concedendo-lhe sua mais alta condecoração, a Medalha de Tiradentes.

 

No Brasil do após-guerra aos dias atuais, a mudança de escala foi simplesmente fantástica. Uns poucos dados ilustram o salto quantitativo.

Antonio Oliveira Santos

Presidente da Confederação Nacional do Comércio


Ao completar a Confederação Nacional do Comércio (CNC) sessenta anos de existência, quis a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro homenageá-la, concedendo-lhe sua mais alta condecoração, a Medalha de Tiradentes.

 

No Brasil do após-guerra aos dias atuais, a mudança de escala foi simplesmente fantástica. Uns poucos dados ilustram o salto quantitativo. A população passou de 45 para 180 milhões de habitantes; a potência instalada em energia elétrica de 1,3 mil  MW para 70 mil MW; a produção de aço bruto de 344 mil toneladas para 32 milhões. Apesar de todas as carências que subsistem, o País tem  nova dimensão, que o coloca como potência emergente no contexto da economia mundial.


Do ponto de vista qualitativo, ao longo desses sessenta anos, a população que vivia predominantemente no quadro rural passou, em sua ampla maioria, a viver no espaço da vida urbana. O comércio por vias internas, que era feito em grande parte através da navegação por cabotagem, foi substituído por extensa malha rodoviária e os trilhos deram lugar aos pneumáticos. A Capital Federal foi transplantada para o Planalto Central, modificando, não só a distribuição espacial da população, como os usos e costumes da arte da política. Acompanhando a tendência mundial, numa primeira fase desse período, o impulso de crescimento proveio do petróleo barato e, na fase seguinte, o vetor foi a microeletrônica, instrumento básico da Tecnologia da Informação.


No início desse longo período de seis décadas, quando a CNC foi constituída, a sabedoria convencional apontava como fonte do crescimento e desenvolvimento econômico a acumulação de capital físico, instalações, máquinas e equipamentos de toda sorte. Foi somente ao final da década de 1950 que estudos realizados no Massachussets Institute de Technology (MIT), tendo à frente Robert Solow, mais tarde Prêmio Nobel de Economia, que se identificou como vetor do crescimento econômico, tão ou mais importante que a formação de capital físico, o que se passou a denominar de “capital humano”. Daí a extensão do conceito de investimento às despesas com educação.


Numa descrição sumária do crescimento e desenvolvimento econômico de um país, o processo se caracteriza pela passagem de uma economia predominantemente agrária para uma economia industrial e urbana e, numa fase posterior,  pela crescente participação dos serviços na economia. Os aumentos de produtividade decorrentes da automação dos processos produtivos industriais levam a concluir que a criação de emprego e as oportunidades de trabalho autônomo estão doravante centradas nas mais diversas formas de serviço, dentre as quais se destaca o comércio que, enveredando pela era virtual, começa a utilizar mais e mais  a via eletrônica.


Essas reflexões me fazem voltar a 1945, quando grandes figuras do empresariado de então subscreveram a Carta de Teresópolis, da qual se originou a CNC, logo incumbida de criar, organizar e administrar o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e o Serviço Social do Comércio (SESC). Esses empresários de escol, como João Daudt de Oliveira e Euvaldo Lodi entre outros,   adiante do seu tempo, perceberam a importância do “capital humano”, ao instituírem as duas vertentes da sua formação: a educação para o trabalho e o bem estar do trabalhador e de sua família.


Publicado no Jornal do Brasil de 07/01/2006, Caderno Economia: Além do Fato, pág. A-18.

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