As vendas do comércio varejista recuaram 0,45% em julho, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se da segunda queda seguida em relação ao mês anterior.
A análise de longo prazo confirma os sinais de desaceleração. Na comparação com igual mês de 2005, a expansão foi de 2,30%, o menor crescimento do ano e o pior resultado para um mês de julho desde 2003.
Segundo o IBGE, o resultado indica que a capacidade de endividamento das famílias está próxima do limite.
As vendas do comércio varejista recuaram 0,45% em julho, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se da segunda queda seguida em relação ao mês anterior.
A análise de longo prazo confirma os sinais de desaceleração. Na comparação com igual mês de 2005, a expansão foi de 2,30%, o menor crescimento do ano e o pior resultado para um mês de julho desde 2003.
Segundo o IBGE, o resultado indica que a capacidade de endividamento das famílias está próxima do limite. O crédito foi o principal fator de expansão do comércio nos últimos dois anos, com destaque para as vendas de móveis e eletrodomésticos. Em julho, as vendas desses produtos caíram 2,65%.
O movimento de queda nas vendas foi quase generalizado. As vendas de supermercados e hipermercados caíram 0,61%. Nem mesmo a queda nos preços de alguns alimentos, devido à inflação baixa, foi capaz de elevar as vendas em volume.
As vendas de combustíveis e lubrificantes caíram 0,44% devido aos preços elevados. Foi a sétima queda consecutiva na comparação com o mês anterior. As vendas de veículos, motos, partes e peças foram a única exceção na série com ajuste sazonal, com alta de 8,23% em relação a junho.
A atividade de tecidos, vestuário e calçados teve queda de 0,72% nas vendas. Segundo o IBGE, o resultado está relacionado ao fim das liquidações e ao início das vendas da coleção primavera.
Alta de 5% no ano
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o crescimento do setor deverá ser liderado nos próximos meses pelas vendas de bens não-duráveis, como alimentos.
“O terceiro trimestre deve continuar fraco, mas a inflação baixa, o Natal e o 13º salário devem aquecer as vendas no fim do ano, especialmente de não-duráveis. O comércio deve fechar 2006 com alta de 5%.”
Na avaliação de Freitas, o arrefecimento das vendas está relacionado às taxas elevadas cobradas pelos bancos na concessão de empréstimos. “Quem está endividado sofre com o custo do empréstimo.”
Na avaliação de Maurício Moura, economista-chefe da consultoria Gouvêa de Souza & MD, a inadimplência em alta, o aumento do desemprego e a queda da renda real do trabalhador foram fundamentais para o desaquecimento do setor.
Em julho,a renda do trabalhador caiu pela primeira vez no ano, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE. “Os indicadores econômicos disponíveis indicam para agosto um cenário de manutenção da conjuntura atual de estagnação e baixo crescimento das vendas reais”, disse.
Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, os resultados indicam que já começam a regredir os segmentos do comércio que mais prontamente reagem ao estímulo das variações de renda real da população e de disponibilidade ou custo do crédito. “Sinais de que a política econômica tem espaço para maior ousadia no sentido de reaquecer a economia.”